quinta-feira, 3 de março de 2011

Sinais da Borrasca



FUTURO SEM ESPERANÇA

O mais deplorável da sociedade moderna é que um bando de parasitas possua avultadas riquezas e viva do supérfluo luxo desmesurado, enquanto uma multidão de famintos vive na mais miserável pobreza sem qualquer esperança de futuro. Qual é a moral dos que gozam os privilégios sem se perturbarem com a supressão brutal dos direitos humanos mais elementares como a alimentação. A revolta dos espezinhados e o grito dos famintos será o rastilho a incendiar o mundo dito civilizado. Os custos para suster a insegurança dos acomodados serão tão elevados que nenhum estado ou grupo de estados ficará imune à revolução e à desgraça que se avizinha.
Imagine-se o que será o mundo daqui a uma dezena de anos, quando os estudantes universitários de hoje chegarem ao poder, depois de passarem pelas prateleiras dos partidos da governação, enquanto outros, que não encontram trabalho para ganharem o seu sustento, já traumatizados, protestarem contra a ditadura da alienação colectiva. O que se passa com os actuais sistemas da governação, cheia de vícios e promiscuidade, não é mais do que um metódico processo de alienação dos desempregados sem esperança.
Um dia, os deserdados da sorte perdem a paciência e entram em ebulição, ao ponto de massacrarem os carrascos que os torturam até à demência.

Joaquim Coelho



Um senhor com razão, merece divulgação.


Data: 2 de Janeiro de 2011 17:07
Assunto: A esperança desesperada
 
 Baptista Bastos

Todos nós estamos em perigo.
Poucos serão indiferentes à situação em que o País se encontra. Mas que os há, há.
São aqueles que, de uma forma ou de outra, contribuíram para esta tragédia. Não é preciso nomeá-los: todos nós sabemos quem são. E o que me parece mais desprezível é a firmeza com que ainda haja pessoas a defender um sistema não só doente económica e financeiramente mas, sobretudo, com graves enfermidades morais.

Chegamos ao fim de mais um ano e a esperança surge como desesperada.
Já ninguém duvida das convulsões sociais que se adivinham, e só mesmo
o primeiro-ministro é capaz de proferir afirmações tão absurdas como
aquelas que faz. Ele o diz que é difícil decapitá-lo politicamente. É
verdade. O homem possui uma tenacidade e uma obstinação invulgares.
Não quer dizer nada. Apenas que está ali de pedra e cal. Até ver.

As sondagens dão-no como morto-vivo. E as coisas vão de mal a pior.
Cavaco, que tem a simpatia dissimulada de quase toda Imprensa, o que
se tornou na vergonha do pensamento crítico, tem demonstrado, nos
debates televisivos, que não está à altura de coisa alguma. É um
medíocre enfatuado, que mal oculta a raiva que o assola quando
contrariado. E nada sabe de coisa alguma. Passos Coelho, inicialmente
um falador sem continência, parece mais prudente e equilibrado.
Aguarda, como um predador de tocaia, que a sua presa mais se estenda
ao comprido. Depois, fará o que muito bem entender.

Vem aí o novo ano e todas as indicações são de molde a deixar-nos
prostrados. O desejo improvável de Sá Carneiro - um Presidente, um
Governo, uma Maioria - está quase a tornar-se realidade. A ausência de
ideologia, a capitulação do PS de Sócrates, a desistência ética dos
"intelectuais" portugueses permitiu esta anomalia histórica. Todos
aqueles que, durante estes anos "socialistas" vão ser substituídos por
uma trupe arfante de ganância e poder, já têm empregos garantidos em
administrações de grandes empresas. Estou para ver para onde vai
Sócrates. O despudor da "alternância" sem "alternativa" transformou a
política portuguesa num modo de vida de um grupo que se protege e se
resguarda. Não me canso de o dizer.

Estamos a perder a configuração moral de nação. Os que vêm nada
trazem. Os que vão embora organizaram as suas vidinhas. Seria curial
que o "jornalismo de investigação" procurasse indagar sobre o
paradeiro profissional daqueles, do PS, do PSD e do CDS, que nos
últimos trinta e quatro anos têm sido governantes. Mas o "jornalismo
de investigação", que dá a ideia de possuir apenas um sentido e uma
direcção, não está interessado em desvendar essas minudências.

Sócrates preparou o caminho, por inércia e atroz incompetência, para a
Direita actuar de mãos livres. E o que a Direita tem dito, das suas
opções, desígnios e objectivos só pode turvar as mentes de beócios.
Mais: a Direita prepara-se para se instalar, durante muitos anos, na
cadeira do poder. As consequências sociais e políticas do que se
avizinha são imprevisíveis. O que não é imprevisível é a movimentação
que já se nota, os conluios que estão a estabelecer-se, as intrigas
que se urdem. O tal "jornalismo de investigação" talvez devesse
noticiar os almoços, os jantares, os encontros, que tornam supérfluos,
ou quase, os protestos de indignação dos que ainda se não dobraram.
Ainda os há. Mas perdem, lentamente, essa capacidade.

b.bastos@netcabo.pt
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