sábado, 16 de maio de 2020

Leituras de Estórias com Vida


NOTA PRÉVIA

Caminhando… indoooo! – Cada um, no seu percurso, pode ter encontros imprevistos, situações interessantes ou incómodas, com pessoas que fazem parte do nosso mundo: umas, podem ser o encanto que nos conforta, outras… podem ser o diabo que nos atormenta!
Então, podemos ser interventivos – submissos ou solidários - e contribuir para melhorar o que nos parece errado, ou, podemos ficar quietos no sofá, acomodados com o que nos dão, acreditando naquilo que vemos e ouvimos, sem questionarmos a autenticidade ou intenção. Confirmo porque senti: aqueles que não gostam de ver o sucesso dos outros são os invejosos, os intriguistas e os cobardes!
 Porque o tempo também se esgota… permitam que aproveite o tempo para divulgar os textos que escrevi, na convicção dos meus propósitos interventivos na sociedade; uns mereceram ser publicados nos jornais… outros ficaram pelo caminho!
Aqui vos deixo a expressão dos meus incómodos, dos meus estados de alma, de encontros e desencontros com caricatas e imprevistas situações e metódicas soluções. Sejam Felizes.



       O TEMPO QUE NOS ESCAPA
 
Tento sempre resgatar o espaço que me pertence. Não acredito em fantasmas mas creio na capacidade de regenerar a vida quando o sofrimento nos atinge imparável. E neste espaço, onde a contínua luta determina a minha convicção, procuro chegar àqueles que adormecem nas teias da opressão e perdem a vontade de caminhar em busca da felicidade na sua existência. Neste contínuo gesto de fazer andar o mundo, penso ajudar os simples, mesmo na utopia dos meus sinceros desejos, para darem as mãos num gesto fraterno até que seja alcançada a verdadeira felicidade em cada bocado do nosso tempo e no nosso espaço.
O âmago da minha angústia é o eco do meu grito contra toda a forma de injustiça. Mas a dificuldade de vencer as barreiras que a globalização dos negócios e da economia coloca no caminho dos incautos acelera a marginalização dos fracos e vai trucidando os mais infelizes e necessitados de pão e água... aprofundando as desigualdades!
Temos que nos opor a toda a forma de destruição da dignidade humana; e só a fraternal unidade de esforços e a persistência apoiada num amplo conhecimento das causas a defender, serão capazes de conter o ímpeto do processo global de destruição dos direitos fundamentais de cidadania. Temos que os defender com convicção e consistente protesto, para termos a sociedade justa.   

           Joaquim Coelho



PREFÁCIO

Caminhando… indoooo!” Um testemunho sério de intervenção cívica na sociedade.
“Só seremos livres se não tivermos medo”, frase da autoria de Joaquim Coelho, trave mestra da sua verticalidade, que neste livro procura dar a conhecer fragmentos do seu percurso de vida entrelaçados numa busca constante pela aprendizagem e solidariedade. Num processo orquestrado pela observação e reflexão da realidade, os textos, aprimorados com poesia e ancorados em estados de alma, surgem como voz da intervenção social que procuram consciencializar as gerações do presente e do futuro. Essa acuidade social foca-se em temas estruturantes da sociedade, como a Juventude, a Família, a Educação, o Emprego, o Ambiente as Desigualdades Sociais, estas últimas vincadas pela luta em prol da dignidade dos Antigos Combatentes.
Na leitura e interpretação desta obra, é notório que a partilha e o cuidar em favor dos outros, caminham e andam de mãos dadas, revestindo-se do fiel da balança para a preservação de amizades que se cultivam e florescem numa história de vida que, inevitavelmente, teria de ser celebrada com este livro.

Lisboa, Julho de 2019

Bruno Rebelo (a)

(a)  – Mestre em Sociologia; Gestão de Recursos Humanos. 
 

Boas Leituras com Estorias de Vidas



NOTA PRÉVIA – Alerta!

Estilhaços… das guerras ultramarinas” porquê?
 
Ora, ainda estão frescas as chagas das feridas que nos roem os melhores anos da vida. Muitos fecharam-se no silêncio dos seus traumas, tentando esconder as verdades do tempo dos embarques sem retorno, da guerra sem fim à vista. A memória parece que hibernou nas catacumbas do sofrimento, enquanto o corpo sobrevive ao trauma das angústias incrustadas nas emoções oprimidas.
O drama dos traumatizados da guerra persiste, porque a guerra ainda não acabou… para eles! Desgraçadamente, os governantes da nação esqueceram os milhares de Combatentes que sofrem os efeitos dos “estilhaços” que continuam a remoer o corpo e a alma. Mesmo aqueles que conseguiram passar as barreiras burocráticas, esbarram no desconhecimento, no desleixo e, até, na má vontade dos profissionais dos Centros de Saúde e dos consultórios médicos, percorrendo um fadário desesperante. Todos os dias vemos casos de flagrante desprezo e criminoso desleixo para com os doentes pós-traumáticos com stress de guerra – andam mais de dez anos a correr de consultório em consultório, num enredo de enlouquecer.
O resultado de várias consultas que acompanhamos são vergonhosos – mais de 90% dos Centros de Saúde e dos seus profissionais desconhecem a Rede Nacional de Apoio! Pois bem… há instituições a receber dinheiro do orçamento do Estado, que gastam em proveito próprio, à conta dessa rede. E o que faz o Ministério da Defesa Nacional? Dá o dinheiro e lava as mãos… Mas temos que saber quem recebeu, ou gastou, os 18 milhões do orçamento de 2019, destinados aos Combatentes?  
(Decreto-Lei 50/2000 – Despacho Conjunto 364/2001, Ministério da Defesa Nacional)

 



Eis a guerra!

Não perguntem porque andei na guerra. Talvez, porque fui empurrado para a guerra. Mas poderia responder com mais convicção: estou envolvido em várias guerras, porque o meu combate não tem fronteiras! Se conseguirei acabar com as guerras? Pelo menos, tento acabar com o obscurantismo que empobrece os meus compatriotas.

Glória aos homens Combatentes, a nossa força não abranda com o escárnio dos homens pequenos, homens desprovidos de sentido patriótico.
Confirmo o empenho e renovo a esperança na luta pelo reconhecimento dos nossos préstimos à Pátria.


  

A guerra ainda não acabou”

       Conheci Joaquim Coelho em 2016, em Vila Nova de Gaia. Concedeu-me uma entrevista sobre a sua participação na Guerra do Ultramar que vou integrar na minha tese de doutoramento, ainda em construção. Nesse dia, perguntei-lhe porque é que escrevia livros sobre o conflito ultramarino. Respondeu-me que não o fazia por “trauma”: “escrevo porque quero dar a conhecer o que se passou na guerra. Os meus traumas ficaram todos lá: quando eu regressava ao quartel, depois de uma missão no mato, passava todos os meus traumas para o papel. Escrever fazia-me bem, era uma forma de desabafar”. Hoje – disse-me – Joaquim Coelho sente-se na obrigação de trazer o passado para o presente, porque “a história está muito mal contada”: “uma guerra que envolveu diretamente mais de um milhão de homens e indiretamente mais de dois milhões de familiares, durante 13 anos, não pode passar ao lado da História de Portugal”. Durante a entrevista, Joaquim Coelho destacou ainda que considerava “injusto” que Portugal ignorasse “o grandioso esforço dos combatentes na guerra. Mas não cruzo os braços, porque a guerra ainda não acabou: só acabará quando morrer o último soldado”.
     Joaquim Coelho continua, de facto, a lutar para que a guerra que conheceu chegue ao futuro. Combate agora com a arma da paz: a palavra. Em “Estilhaços…”, à semelhança do que fez noutros livros, apresenta histórias em “carne viva”, pensamentos de ontem e de hoje, memórias que o tempo não apaga. São relatos sem papas na língua, que nos fazem viajar a Angola e a Moçambique, ao teatro de operações. Joaquim Coelho dá a conhecer a “realidade” porque a conhece bem e porque dela não tem medo, afinal faz parte do seu percurso de vida. Por vezes, admite, “veste-a” de poema para a aligeirar, dando-lhe outra dimensão e atenuando o “desconforto”. Porque “a guerra nunca foi capaz de contar histórias”, o seu testemunho é um bem precioso.
                                                                                Sílvia Torres (a)
(a) – Grande entusiasta no estudo da imprensa jornalística das guerras ultramarinas; tem Formação em Comunicação Social e abraça a difícil profissão de Jornalista; prepara doutoramento.