segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A CRISE e o Monstro Invisível

Eu não acredito em bruxas, mas...

O CIRCULO DIABÓLICO

Quando paramos umas horas para observar o que se passa com esse “monstro invisível” dos mercados ficamos baralhados com as embrulhadas causadas pelas “bolsas financeiras”. Se reflectirmos calmamente, percebemos os contornos da engrenagem que está montada à volta desses “mercados” e que tipo de gente negoceia, controla, especula, ganha rios de dinheiro e vive nas catacumbas da criminalidade.
Começando pelas empresas “cotadas na bolsa”: há empresas cuja produção de bens transaccionáveis dão lucro e mantêm uma situação financeira e de património estabilizada; o mal está na grande maioria das empresas tecnicamente falidas, sem grande património e geridas por mafiosos aliados aos especuladores profissionais; piores do que estas são as empresas com sedes em “ofshores”, sem qualquer espécie de controlo sobre os seus bens ou património que, além de permitirem o encobrimento de negócios fraudulentos, servem de plataforma para a lavagem de dinheiro das organizações de droga, contrabando de armamento e exploração de pessoas.
Depois, temos os bancos com sede nos “paraísos fiscais” ou “ofshores” para onde são transferidos os ganhos fraudulentos dos tais negócios e lucros especulativos com as transacções nas “bolsas”. E como é que jogam estes mercenários do mundo financeiro? Existem diversos “lóbis” organizados com “gestores” dentro das “bolsas”; quando pretendem sacar lucros numa determinada empresa, lançam uma onda de choque especulativo de modo a baixar drasticamente o preço das respectivas acções; dão ordem de compra aos seus “gestores” e adquirem grandes quantidades de acções; entretanto, os mesmos especuladores fazem subir artificialmente os lucros de outras empresas, colocando à venda as suas acções e usufruindo desses lucros; voltam a fazer o mesmo com as empresas onde tempos antes adquiriram a baixo preço títulos e acções, que colocam à venda e voltam a ganhar fabulosas quantias. Assim, continuam nos “mercados” especulando e ganhando sempre até ao dia em que percebem que as ditas empresas não têm mais condições para “espremer”, porque tecnicamente estão falidas ou à porta da insolvência. Aí rebenta a “bolha” e os mercados financeiros deixam um rasto de pobres investidores na ruína, porque jogaram o pouco dinheiro nos bancos que geriam as suas poupanças e perderam tudo! Quem ficou com o dinheiro foram os tubarões dos negócios fraudulentos das engenharias financeiras, os quais retiram para as catacumbas onde vivem bem com o “monstro invisível” dos mercados financeiros.
Após assentar a poeira resultante do terramoto que abala toda a economia mundial, esse “monstro invisível” volta a atacar as economias mais frágeis e exigem juros altíssimos para “ajudar” a recuperar da crise! Percebemos que a razão da exigência de juros altos permite-lhes sacar mais uns milhões à conta dos pobres e assegurarem o dinheiro que emprestaram, sabendo que não está garantido o reembolso total.
Então quem é que contribui para toda esta engrenagem especulativa? Comecemos pelos gestores das grandes empresas cotadas em “bolsa”: assessorados por especialistas na fuga ao fisco e na especulação económica, elaboram relatórios de contas com demonstração de “lucros” mentirosos, recebendo chorudas percentagens sobre esses “falsos” lucros e alimentando a especulação dos mais poderosos accionistas em bolsa. A seguir temos os lobistas e informadores infiltrados nas “bolsas”, ao serviço dos especuladores, para divulgarem falsas notícias sobre negócios, fusões ou aquisições, factores que mexem com os preços das acções e títulos das empresas onde pretendem investir ou desinvestir. Ora aí temos algumas das razões da crise! O dinheiro não se evaporou, está bem guardado à espera de melhores negócios.
Agora, perguntamos nós, porque é que os governantes não acabam com os “ofshores” ou “paraísos fiscais”? Porque é que não levam à justiça todos os especuladores e informadores que manobram fraudulentamente os mercados financeiros e a gestão das empresas? Porque é que os governos mantêm a confiança nos gestores que determinam as suas próprias mordomias e remunerações escandalosamente altas? Os gangs de ladrões sabem encobrir-se mutuamente, em caso de perigo para a sua comunidade de interesses. Só que as coisas estão a ficar complicadas, porque o poderio de alguns desses gangs ultrapassa o poder dos Estados, até ao dia em que os pobres e humilhados se revoltarem.
Joaquim Coelho

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