quarta-feira, 27 de julho de 2022

Educação Escolar em decadência programada

Opinião – Observador

Porque se trata do futuro da sociedade em equilíbrio, deixamos à consideração dos nossos leitores alguns reparos pertinentes: 

PERDA DA AUTORIDADE PATERNAL

 Transferimos para o Estado as nossas responsabilidades e tornámos realidade o sonho de todos os Estados Totalitários: expropriar a família da educação dos seus filhos.

A internet e a ideologia transgénica

Crianças, adolescentes e jovens angustiados, confusos, com dúvidas e conflitos de identidade não podem continuar a ser alvo de associações LGBTgiap+ que usam a Escola como centro de recrutamento.

 Maria Helena Costa

 Escritora, autora do livro "Identidade de Género - Toda a verdade"

Afinal, que “Cidadania” é esta?

Toda a agenda globalista politico-ideológica é promovida e incutida nas aulas de “cidadania”: socialismo, feminismo radical, cultura LGBTQIA+, racismo estrutural. Tudo isto sob um único ponto de vista.

 

Conheci o Artur Mesquita Guimarães numa palestra sobre a imposição da Ideologia de Género à Escola e os seus resultados nefastos. Daí para cá estamos juntos na luta contra a expropriação dos pais da educação dos filhos por parte do Estado. Há alguns meses, eu e o meu marido fomos jantar a casa dele.

Quando chegámos fomos recebidos pelos filhos do Artur pois, tal como nos haviam avisado, nem ele nem a mulher estavam em casa. Enquanto esperávamos, o Zeca (18 anos) acendia o lume para o churrasco, a Maria (16 anos) estava na cozinha a preparar o jantar, e os dois mais novos, o Rafael (14 anos) e o Tiaguinho (12 anos) foram tratar de arranjar algo para nós bebermos e petiscarmos.

Com anfitriões tão atenciosos a conversa fluiu: o Zeca falou-nos sobre os seus estudos, objectivos – ele vai para a universidade este ano lectivo – e sobre o que a família está a viver em virtude da decisão ditatorial do Ministério da Educação, qual PIDE da “democracia”, que decidiu “chumbar” os irmãos dois anos lectivos. Entretanto, o Tiaguinho trouxe uns amendoins e um jarro de limonada.

Sedentos, bebemos a limonada. Estava deliciosa e eu dei os parabéns à Maria, que me respondeu da cozinha: Não fui eu que fiz, foi o Tiaguinho.

Os dois meninos, tão visados e acossados nos últimos dias, juntaram-se à conversa e ficámos numa amena cavaqueira até os pais chegarem. Durante a conversa percebemos claramente que não é a decisão dos pais quanto à não frequência da disciplina de cidadania que os entristece, mas sim a forma como adultos ignorantes e irresponsáveis denigrem e enxovalham aqueles que os amam, educam e cuidam deles. (Só posso pensar que o fazem por despeito, por terem eles próprios aberto mão da educação dos seus filhos entregando esse papel à Escola, ao Estado).

Os pais chegaram e os filhos, incluindo o João Paulo (20 anos), que, entretanto, tinha chegado, foram pôr a mesa. O jantar decorreu tranquilamente no seio de uma família onde todos os filhos fazem as suas tarefas e são educadíssimos, cidadãos exemplares, que não precisam da “cidadania” lecionada na escola para nada e falam sobre tudo, sem tabus. Todos eles gostam imenso de ler, os dois mais velhos estão na Universidade, o Zeca vai entrar este ano, a Maria para lá caminha e nunca nenhum deles chumbou. Pelo contrário, todos têm sido alunos exemplares e feito parte do quadro de excelência sem as aulas de cidadania.

Então, que raio de “cidadania” é esta, que só o Ministério da Educação pode incutir nos alunos, e quais os objectivos por detrás daquela que parece ser a única disciplina que não admite ser questionada e se quer sobrepor à educação que os pais dão aos seus filhos?

Sim. Se, como defende o Ministro da Educação, reter um aluno, independentemente do número de negativas que possa ter, é uma espécie de discriminação:

Segundo avança o jornal I, há escolas que estão a passar de escolaridade alunos do ensino básico com quatro ou mais negativas. Já no ensino secundário, a questão é diferente: há escolas a fazer pressão juntos dos professores para subir as negativas dos alunos e assim se possam inscrever no ano seguinte. Os alunos do 5º ano de escolaridade, por exemplo – que têm nove disciplinas -, conseguem passar de ano com metade das disciplinas com nota negativa. Este cenário resulta de orientações dadas pelo Ministério e do que está previsto na lei desenhada pelo gabinete de Tiago Brandão Rodrigues, indicando que o chumbo deve ser aplicado de forma “excecional”.

O que é tão importante e urgente na disciplina de “cidadania”, que leva o Ministério da Educação, presidido pelo Dr. Tiago Brandão, a chumbar alunos do quadro de excelência, com cincos a tudo, excelentes cidadãos, respeitadores e totalmente integrados?

Que “cidadania” é essa que exige que todos os que não se deixem “cidadanizar” por ela venham a ver “barradas” quaisquer possibilidades de entrar na Universidade pública?

A Universidade pública pertence ao Ministério da Educação? Ou somos nós, todos os portugueses que trabalham e pagam impostos, que a sustentam?

Os pais, que educam os seus filhos de acordo com os seus valores, fé e princípios – para serem cidadãos exemplares – e não abrem mão desse papel – consagrado na Constituição da República Portuguesa e na Declaração Universal dos Direitos do Homem – terão a carga fiscal aliviada para poderem pagar uma Universidade Privada aos seus filhos?

Que raio de “cidadania” é esta que tem que ser imposta pela força, sob coação e ameaças constantes?


 ……..................

De acordo com o livro Objectivos da Educação Sexual na idade pré-escolar (0-6 anos):

1.     Aprender a realizar a masturbação, se existir, na privacidade

2.     Adquirir um papel de género flexível;

3.     Aceitar de forma positiva os comportamentos sexuais do próprio e dos outros;

4.     Conhecer e usar, se necessário, o vocabulário popular sobre as partes mais sexuais do corpo;

5.     Conhecer diferentes tipos de família;

6.     Abusos sexuais.

De acordo com E. Eichel (que estudou com Claderwood e é autor do Kinsey, sex and fraud), Alfred Kinsey entendia que, para levar os jovens à homossexualidade, dever-se-ia promover, por esta ordem, a masturbação, a masturbação em grupo e finalmente a masturbação mútua.

Para conhecer os diferentes tipos de família, há actividades nas quais, crianças, dos 0 aos 6 anos, são chamadas a picotar e recortar imagens de dois homens, duas mulheres e um homem + uma mulher, pensar numa peça de teatro baseada nessas imagens e interpretarem-na.

Daí para cá os guiões e referenciais sobre sexo, cada vez mais ideológicos e explicitamente pornográficos, não pararam de sair.

“AFECTOS E EDUCAÇÃO PARA A SEXUALIDADE
A Organização Mundial de Saúde define a sexualidade como “uma energia que nos motiva para encontrar amor, contacto, ternura e intimidade; ela integra-se no modo como sentimos, movemos, tocamos e somos tocados, é ser-se sexual.
A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental”.

[1] Na pág. 6, lemos: “À semelhança de outros referenciais produzidos pela DGE no âmbito da educação para a cidadania, o presente documento pretende ser uma ferramenta educativa flexível, de adopção voluntária”. Porque é que retirei as palavras “adopção voluntária”? Porque, desde 2018, se tornou obrigatório e a matéria nele contida passou a contar para nota e é ministrada na disciplina de Educação para a Cidadania, embora, como refere o Referencial, seja para ser usado em qualquer disciplina ou área disciplinar.

 

Vida, educação e dignidade

04 jun 2022, - Observador

Nos próximos dias 10, 11 e 12 de Junho, decorrerá em Viana do Castelo, a cidade que tem um coração do tamanho do Minho, uma iniciativa popular que visa defender os direitos e liberdades fundamentais da família e de cada cidadão deste país. Valores como vida, educação e dignidade precisam de ser defendidos do maior ataque da História.

Educação

O direito dos pais a educar os seus filhos tem vindo a ser-lhes tirado pelos consecutivos governos socialistas. O Ministério da Educação tem vindo a outorgar-se dono e senhor da educação dos filhos dos portugueses e de todos aqueles que escolheram o nosso país para viver. O que era do foro íntimo, como a sexualidade, por exemplo, tem vindo a tornar-se político. Hoje, há quem se queixe de que os alunos não dizem aos professores quais são as suas preferências sexuais, e, pelos vistos, isso é muito mau.

Pior, temos dois alunos de excelência chumbados – pelo ex-secretário de Estado da Educação e actual ministro da Educação, Dr. João Costa (eu sei que a notícia diz que foi o Tribunal que chumbou os alunos, mas o despacho que ordenava o chumbo foi assinado pelo então secretário de Estado da Educação), só porque os pais dessas crianças exigem que o seu direito – a educar os filhos – seja respeitado e não permitem que os seus filhos sejam expostos a ideologias nefastas, disfarçadas com nomes como “cidadania” e “desenvolvimento”, que, claramente, pretendem formatar os alunos. O Dr. João Costa tem perseguido a família Mesquita Guimarães ao ponto de impedir a escola de Vila Nova de Famalicão de seguir os termos de um acordo com os pais de dois jovens proposto pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga. O caso continua em Tribunal e já houve ameaças de retirada dos filhos aos pais. Isto é abuso de poder e é urgente falar sobre isto.

Família

Família é o conceito natural que garante a continuidade da espécie e a vitalidade da própria sociedade. A cultura contemporânea tem vindo a redefinir a família: a banalização do divórcio, o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo, uma série de arranjos de vida promíscuos e a pressão pela aceitação da poligamia são agressões violentas à família.

 

 

 




segunda-feira, 11 de julho de 2022

Memórias do Ultramar

                                    LEMBRAR PARA NÃO ESQUECER

 

Aos que vão resistindo ao desgaste da vida e às investidas dos fazedores de crises que nos atormentam e hipotecam o futuro dos nossos filhos e netos e desgastam a nossa dignidade, venho lembrar que há 50 anos, em terras de Angola, os Pára-quedistas voluntariosos e valentes, organizados em pequenos grupos de combate, souberam elevar bem alto o nome e o valor dos Boinas Verdes.

Continua na memória dos sobreviventes que hoje conseguem contar a história dos graves acontecimentos e dos horrores praticados por sucessivas vagas de bandoleiros sanguinários que chacinaram, esventraram e mutilaram crianças, mulheres, velhos e novos, pretos e brancos no norte de Angola. Desde o Úcua ao Quitexe, passando por Nova Caipenda, Quibaxe, Nambuangongo, Cuimba, Madimba, Buela, Zalala, Damba, Quibocolo, Bungo, Mucaba e tantos outros lugares da região dos Dembos, onde os sinais do sangue derramado por inocentes indefesos atiçou o sentido patriótico e fortaleceu o espírito de sacrifício na luta contra as hordas assassinas. Com reduzidos recursos e muita vontade de vencer, os Pára-quedistas estiveram na linha da frente na defesa das populações mais atingidas pela selvajaria dos bandoleiros da UPA (União das Populações de Angola). Foi na missão de socorro aos defensores de Mucaba, entrincheirados dentro da igreja local; no Bungo, as capacidades de liderança do Alferes Pára-quedista Mota da Costa permitiram uma defesa eficaz; na Damba, onde um pequeno grupo de Boinas Verdes conseguiu suster os ataques; na povoação 31 de Janeiro, o Tenente Pára-quedista Veríssimo teve papel destacado na organização da defesa da população local, onde contou com a fidelidade e apoio do cabo de cipaios Sebastião, do chefe de posto Vailão e do soba Camassa.

Foi no decorrer destas difíceis intervenções dos Pára-quedistas que tombaram os primeiros Boinas Verdes: o soldado Pára-quedista Domingos, durante a caminhada para Mucaba; o Alferes Pára-quedista Mota da Costa e o civil Caras Lindas, quando procuravam manter a ligação entre os que reparavam a ponte do Bungo e o soldado Pára-quedista Eugénio Dias, o civil António e dois bailundos que se dirigiram a uma fábrica de café e serração próxima na procura de material para a ponte.

Para suprir a falta do Alferes Mota da Costa, o sargento Pára-quedista Joaquim Santiago assumiu a responsabilidade de coordenação das acções necessárias para evacuar os mortos e os feridos até à base do Negage. Helicópteros para evacuação não havia, apenas algumas viaturas civis e pequenos Unimogues eram os recursos disponíveis para percorrer picadas esburacadas e cortadas por árvores de grande porte.

Com audácia e tenacidade na defesa das gentes dessas terras martirizadas pela sanha assassina dos bandoleiros os Pára-quedistas demonstraram todo o seu saber e espírito de sacrifício no cumprimento do dever “honrando a Pátria de tal gente”. Os elogios e provas de gratidão vieram de todos os lados, os jornalistas tentavam colher mais informações dos acontecimentos. Depois das primeiras missões de reconquista e ocupação das localidades vandalizadas, os Caçadores Especiais e outras tropas que foram chegando a Luanda começaram a ocupação definitiva da região atribulada. As Tropas Pára-quedistas, já reforçadas com mais efectivos, entraram em acção nas grandes operações levadas a cabo nos saltos em Quipedro, na serra da Canda e em Sacandica (localidade fronteiriça com o ex-Congo Belga, no extremo norte de Angola), com intervenção a nível de companhia. Com o Batalhão e a Força Aérea bem organizados, em colaboração com as tropas de quadrícula instaladas nas zonas afectadas pela guerrilha, as missões dos Pára-quedistas passaram a ser rotineiras e normais. 

 

 

Para situar no tempo o sentimento dos que viveram os primeiros embates, não posso deixar de transcrever alguns recortes dos jornais de Luanda, onde são relatados episódios com intervenção de Pára-quedistas:

 

 - Da entrevista do Soldado Eugénio Dias, que foi ferido durante o ataque dos bandoleiros quando se encontrava na tal fábrica do café do Bungo, ao jornalista Moutinho Pereira do jornal “O Comércio”, publicada em 12 de Maio de 1961: “O ataque foi na segunda-feira, dia 8. Uma coluna de militares e civis, todos armados, seguiu até à ponte que os bandidos tinham cortado, para a reparar. Ao chegar à ponte o nosso comandante disse-me para ficar com os civis e protegê-los em caso de ataque, enquanto eles seguiam. Fiquei sozinho, pois sabia que os meus camaradas não podiam ir a pé… os carros não podiam atravessar a ponte… Ao sair da fábrica do café, já distanciados, ouvimos um tiro entre o capim. Claro que ficámos atentos e vigilantes. Mas aquela arma que disparou, por certo devido a algum acidente, dera o alarme. Logo se seguiu um tiroteio intenso. Encontrámos centenas de bandoleiros meio encobertos pelo capim. Os dois bailundos ainda não tinham feito a tropa e estavam desarmados, conseguiram fugir e refugiar-se na fábrica… Dei por mim a disparar a minha metralhadora ligeira para o meio do capim. A meu lado, o civil, ajudava-me como podia… Já ferido nas pernas, tentámos tomar outra posição…  À nossa roda tínhamos uma multidão ulutante, disposta a tudo para nos cortar a cabeça. Gritavam como demónios… Saltámos para o meio do capim alto, costas com costas, esperando o pior… por ali fiquei até perder as forças. Então, os meus camaradas conseguiram passar. Logo que se desenvencilharam daquela corja vieram à nossa procura…. Encontraram-nos feridos mas ainda conscientes no meio do capim, apertando de encontro ao peito, as nossas armas.”

 

- O jornalista Sotto Mayor do “Diário de Luanda” na edição de 17 de Maio de 1961 publicou alguns depoimentos sobre a situação no posto de 31 de Janeiro.

O repórter acompanhou uma das missões aéreas das avionetas do Aero Clube de Sanza Pombo e o chefe de posto e piloto Barros: “Aterrámos, cerca das 13 horas, no pequeno campo de aviação, onde se fizeram descargas de mantimentos e fomos convidados do chefe de posto Vailão e pelo tenente pára-quedista Veríssimo, dois valentes, à volta dos quais, pela sua actuação têm sido publicadas as mais largas reportagens. A defesa da povoação está toda concentrada à volta do edifício do posto, onde a população se recolheu. Pelas portas e janelas notam os sinais das lutas que têm sido travadas, estando as varandas do prédio barricadas com sacos de areia e arame farpado. Durante a refeição, servida numa grande mesa onde tomaram lugar grande parte dos “páras” e comerciantes da região, tivemos ocasião de ouvir do próprio chefe de posto, uma curiosa narrativa pormenorizada dos acontecimentos registados. – “Nós, em dada altura, verificámos que não tínhamos condições de defesa. Evacuámos, portanto, imediatamente a povoação. Toda a população foi connosco. Seguimos para a Damba, sede de concelho. Foi no dia 16 de Abril de 1961. Após a nossa chegada, deu-se o primeiro ataque à localidade. Colaborámos na defesa da Damba, neste e em mais três assaltos. Mas o nosso interesse era regressar o mais depressa possível ao 31 de Janeiro. No dia 27 conseguimos uma secção de Pára-quedistas, comandada pelo Tenente Veríssimo, para o nosso posto… Tivemos que lutar com muitas dificuldades. Eram obstáculos de toda a ordem – cortes profundos na estrada, árvores caídas, pontes danificadas. Era um nunca mais acabar.” O tenente Veríssimo relembra alguns acontecimentos passados na viagem: “Encontrámos ligeiras resistências durante o percurso de cerca de 84 quilómetros. No desvio para a povoação de Mucaba, a 12 quilómetros do destino, recuperámos diversos rapazes, portugueses africanos, que estavam prisioneiros dos bandoleiros no local conhecido por “Missão”. Temos tido diversos ataques, os primeiros de dia, os restantes de madrugada. Agora apenas têm tentado… mas depressa são repelidos e com baixas.”

Não havia tempo para pensar onde estava a razão; a necessidade de defender as populações indefesas e os postos isolados do norte de Angola era a prioridade, e a nossa fidelidade à Pátria impunha que cumpríssemos essas missões das quais saímos triunfantes, embora com grandes sacrifícios. Depois destas, muitas mais foram levadas a cabo com sucesso, as quais mereceram rasgados elogios e os mais altos louvores. Orgulhamo-nos dos nossos feitos e merecemos o reconhecimento da Nação. Apesar do ostracismo a que foram votados, os Combatentes portugueses, intervenientes nas guerras ultramarinas, são o que resta da gesta de valores que a Pátria contempla; dos cobardes não reza a história… muitos dos nossos governantes nunca souberam honrar a Pátria nem os juramentos e tentam desvirtuar os valores que “mais altos se levantam”.

 

 

- NAMBUANGONGO

Os pára-quedistas saltaram lá antes da chegada do Batalhão 114. Para a maioria dos oficiais da Força Aérea e Pára-quedistas foi um golpe baixo dos estrategas da Força Aérea, não respeitando o esforço dos Batalhões que estavam a pouca distância de atingirem aquele objectivo; embora com dificuldades em percorrerem o que restava dos difíceis caminhos...

 

In: “ESTILHAÇOS”, temas da guerra el Livro publicado em 2019 e 2ª Edição em 2020

sexta-feira, 11 de março de 2022

A Guerra vista ao Espelho

 Todas as guerras têm dois lados 

Em tempo de conflitos e guerra, as maiores vítimas são os inocentes. 

O jornalismo noticioso independente tem grandes dificuldades em sobreviver aos nefastos efeitos da informação controlada pelos poderosos. Somos inundados de informações repetitivas até à exaustão.  Sentimos a comunicação social amarrada à perversão do imediatismo lamacento e tendenciosamente programado para deformar a informação disponível e livre das pressões corporativas dominantes, arrumando para debaixo do tapete os graves problemas da sociedade, especialmente no aumento do custo de vida, na delinquência juvenil e a degradação dos serviços públicos essenciais.

 Mas ainda vemos alguns artigos que merecem ser lidos e vale a pena meditar com a lucidez da mente iluminada e racional. Os silêncios sobre estas questões agradam ao poder político e estigmatizam as populações desoladas com a falta de soluções para as suas dificuldades de sobrevivência.

Perante o conflito na Ucrânia e os problemas de mobilidade causados, os caminhos para a Paz são prioritários e urgentes, porque milhões de pessoas sofrem e morrem nos horrores da guerra; mas, perante o comportamento dos governantes interventivos no conflito ucraniano e o melindre da situação da segurança mundial, percebemos que as soluções perigosamente irracionais e com efeitos práticos e temporais inadequados demonstram desprezo e desamor pelas populações dos países que representam, considerando que o prolongamento da guerra só causa mais destruição e mortos.

Esperamos que uma onda de bom-senso e alteração dos interesses mesquinhos da desforra ilumine as mentes dos intervenientes com poder de decisão para que coloquem a vida das pessoas num patamar mais humanista e avancem corajosamente nos caminhos da paz e da segurança universal.

A hipocrisia das Sanções... VER:

 https://www.youtube.com/watch?v=dBIiz4HlXlI

https://www.youtube.com/watch?v=yXaxFxOXC6A

https://www.youtube.com/watch?v=yFmiWE2E3U4

https://www.youtube.com/watch?v=HMIsQ_6Abmo


 




Televisão do Mundo

20 de março às 16:41  · 

“A Ucrânia está seguindo os manuais de guerra psicológica dos EUA” (Pedro Baños)

Polêmica na TV espanhola. Coronel do exército denuncia manipulação midiática contra a Rússia: “Se falamos de desinformação, neste país há gente que trabalha para serviços de inteligência estrangeiros que estão publicando nos principais jornais e aparecendo nos meios de comunicação que são panfletos da OTAN”. Considerado um dos maiores especialistas em Geopolítica e estratégia militar da Europa, o coronel Pedro Baños afirmou que “o regime de Zelensky está seguindo os manuais de guerra psicológica dos EUA”, a quem não interessa um acordo que encerre o conflito. Presença frequente em alguns dos programas de maior audiência da TV espanhola, como “Horizonte” e “Al Rojo Vivo”, o coronel (que vem recebendo ameaças nas redes sociais por suas opiniões dissonantes) anunciou que não participará mais de nenhum programa de TV sobre a Ucrânia.

O humanismo ocidental é decente?

Pedro Tadeu – DN 09 Março 2022

 Por ser um bom cidadão do mundo ocidental condeno a invasão russa da Ucrânia, participo em manifestações contra Putin, choro os mortos de Kiev, comovo-me com o drama dos refugiados ucranianos, sou solidário com as vítimas da brutalidade russa e recuso comprar produtos russos. E faço-o com convicção.

Mas isto não chega, isto é humanismo genérico, serve para qualquer um em qualquer parte do mundo - o humanismo ocidental é especial, o humanismo ocidental é único, o humanismo ocidental é original, o humanismo ocidental exige mais de mim...

O humanismo ocidental é seletivo: ignorou os 12 mil haitianos enviados pelos Estados Unidos para a prisão de Guantánamo e a invasão do país em 1994; ignorou a instigação e a participação da NATO nas guerras da Jugoslávia e os seus 150 mil mortos; ignorou as duas Guerras do Golfo, a mentira que desculpou uma delas e os 100 mil mortos diretos que os combates provocaram; ignorou mais 100 mil mortos que o Iraque "protegido" pela coligação internacional lá instalada provocou; ignorou a presença norte-americana durante 20 anos no Afeganistão e os 65 mil mortes que ali ocorreram; ignorou os envolvimentos, desde 2001, diretos ou indiretos, de forças ocidentais na Síria (estimam-se 400 mil mortes); ignora o que se passa na Somália e no Iémen; ignora a ocupação da Palestina por Israel e, nos últimos anos, os 21 500 mortos desse conflito.

O humanismo ocidental tem coração mole para um lado e coração de pedra para o outro. As guerras espalhadas pelo mundo com envolvimento do Ocidente somam, em 30 anos, quase um milhão de mortos, a grande maioria civis, mas o bom cidadão ocidental não chora por eles.

O humanismo ocidental é dúbio. Condena vigorosamente a prisão do opositor de Putin, Alexei Navalny, mas deixa apodrecer na cadeia o denunciador das brutalidades das tropas americanas e da NATO, Julian Assange.

O humanismo ocidental é criterioso. Manifesta-se quando críticos de Putin são envenenados no estrangeiro mas arquiva no esquecimento o cientista inglês David Kelly que, misteriosamente, suicidou-se dois dias depois de depor no parlamento sobre a falsificação de provas da existência de armas de destruição maciça no Iraque. E o jornalista que deu essa notícia em primeira mão foi despedido.

O humanismo ocidental é esclarecido. Classifica a imprensa estatal russa de instrumento de propaganda "tóxica" mas glorifica o World Service da BBC, pago pelo Ministério dos Estrangeiros britânico e onde muitos jornalistas portugueses que lá trabalharam foram obrigados, durante décadas, a pedir autorização superior para fazer qualquer tipo de entrevista... e essa autorização só vinha depois de lida a lista de perguntinhas a fazer!

O humanismo ocidental é dinâmico. Indigna-se aos gritos com a censura de Putin ao jornalismo independente, mas refila baixinho quando proíbem a Russia Today de emitir no Ocidente ou quando os potentados das redes sociais, que ninguém controla, filtram o que o povo pode ou não pode dizer.

O humanismo ocidental enerva-se com a brutalidade policial contra manifestações políticas em países longínquos e contra as prisões indiscriminadas de gente comum, mas cala-se, conformado, quando isso é feito nos seus países contra os que recusam vacinar-se, contra os que exigem direitos para os negros, contra os sindicalistas, contra os imigrantes pobres e de pele escura. O humanismo ocidental já nem se lembra de George Floyd.

O humanismo ocidental é espertalhão. Explica todas as intervenções militares do Ocidente no resto do mundo com a necessidade de defender a democracia, o contexto histórico e sociológico das regiões, as tensões estruturais das economias locais, as rivalidades das religiões, as divisões tribais, as fronteiras mal definidas, a selvajaria dos ditadores locais. Mas para comentar a guerra ucraniana só aceita começar a análise por um facto: Putin invadiu no dia 24 de fevereiro o país de Zelensky. Falar do que está para trás, dos 13 mil mortos do Donbass, do crescimento da NATO para leste, por exemplo, é trair a Ucrânia, é trair o Ocidente, é trair a humanidade - e se o fazes, és mesmo má pessoa!

O humanismo ocidental é ingrato. Garante que a Rússia não é do Ocidente, exige que ignoremos 2 mil anos de cristandade partilhada, as leituras de Dostoiévski, Tolstoi, Tchekhov, Gorki; as músicas de Tchaikovsky, Stravinsky, Shostakovich, Prokofiev; os filmes de Eisenstein, Tarkovsky; os pensamentos de Bakunine, Lenine ou Trotsky. O humanismo ocidental acredita que nada deve do que é à Rússia.

Eu adoro os valores teóricos do humanismo ocidental, são um exemplo para o mundo, a sério, mas não aguento a constante prática violenta do humanismo ocidental, uma vergonha neste mundo, a sério.

Jornalista


Ora, por causa dos mercenários (combatentes sem pátria), dos voluntários sem comando e dos resistentes desesperados, a desconfiança sobrepõe-se ao bom senso... Dificilmente os corredores humanitários terão sucesso, e quem sofre são as populações.










quarta-feira, 2 de março de 2022

Os Incendiários do Costume

 NOTA PRÉVIA: A Ucrânia e a sua população estão a sofrer a tragédia da guerra, por causa dos incendiários americanos que não param de espalhar o terror e a morte em todo mundo. Expandir o potencial bélico da NATO até às portas de Moscovo é um perigoso jogo a que Putin e os Russos não pretendem assistir.

 Os interesses estratégicos USA ou pilhagem de matérias-primas (desde a América latina, países da África, médio oriente, Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria e antigos países de leste), servem para vender as armas e provocar a desgraça dos povos. O texto abaixo mostra os antecedentes.

 Haja lucidez e vontade para acabar com as guerras e genocídios criminosos, proclamando a PAZ definitiva. 

  


Ucrânia, a bomba USA na Europa

Manlio Dinucci

REDE VOLTAIRE | ROMA (ITÁLIA) | 16 DE ABRIL DE 2021

O Presidente Joe Biden, o Secretário de Estado, Antony Blinken e a futura Subsecretária de Estado, Victoria Nuland, estão a reacender a guerra que desencadearam na Ucrânia em 2013-14. O quarto ladrão, Geoffrey R. Pyatt, é actualmente, o Embaixador dos EUA na Grécia. Desta vez estão a enviar navios de guerra para o Mar Negro e a preparar, de facto, aviões bombardeiros nucleares.


Os caças americanos F-16, enviados da base de Aviano, estão envolvidos em "operações aéreas complexas" na Grécia, onde ontem começou o exercício Iniochos 21. Pertencem ao 510º Esquadrão de Caças estacionado em Aviano, cuja atribuição está indicada no seu emblema: o símbolo do átomo, com três relâmpagos a atingir a terra, flanqueado pela águia imperial. São aviões de ataque nuclear e que pertencem à Força Aérea Americana na Grécia, que concedeu aos Estados Unidos, em 2020, a utilização de todas as suas bases militares. Também participam no Iniochos 21 os caças bombardeiros F-16 e F-15 de Israel e dos Emirados Árabes Unidos. O exercício ocorre no Mar Egeu, perto da área que compreende o Mar Negro e a Ucrânia, onde se concentra o mega exercício Defender-Europe 21, do exército dos EUA.

Estas e outras manobras militares, que fazem da Europa um importante centro de armamento, criam uma tensão crescente com a Rússia, centrada na Ucrânia. A NATO, depois de ter desagregado a Federação Jugoslava, ao inserir a cunha da guerra nas suas fracturas internas, surge agora como a paladina da integridade territorial da Ucrânia. O Presidente da Comissão Militar da NATO, o Chefe da Força Aérea Real Britânica, Stuart Perch, reunido em Kiev com o Presidente Zelensky e o Chefe do Estado-Maior, Khomchak, declarou que "os aliados da NATO estão unidos na condenação da anexação ilegal da Crimeia pela Rússia e das suas acções agressivas na Ucrânia Oriental". Repetiu assim a versão de que foi a Rússia que anexou à força a Crimeia, ignorando o facto de que foram os russos da Crimeia que decidiram, num referendo, separar-se da Ucrânia e voltar a juntar-se à Rússia para evitar serem atacados, como os russos no Donbass, por batalhões neonazis de Kiev. Os mesmos utilizados em 2014 como força de ataque no putsch da Praça Maidan, desencadeado por franco-atiradores georgianos que dispararam sobre manifestantes e polícias, e em acções posteriores: aldeias submetidas a ferro e fogo, activistas queimados vivos na Câmara do Trabalho de Odessa, civis desarmados que foram massacrados em Mariupol, bombardeados com fósforo branco em Donetsk e Lugansk. Um golpe de Estado sangrento sob comando USA/NATO, com o objectivo estratégico de provocar uma nova guerra fria na Europa para isolar a Rússia e reforçar, ao mesmo tempo, a influência e a presença militar dos Estados Unidos na Europa.

O conflito no Donbass, cujas populações se auto-organizaram nas Repúblicas de Donetsk e Lugansk com a criação das suas próprias milícias populares, passou por um período de relativo descanso com a abertura das conversações de Minsk para uma solução pacífica. Agora, porém, o governo ucraniano retirou-se das conversações, com o pretexto de que se recusa a ir a Minsk porque a Bielorrússia não é um país democrático. Ao mesmo tempo, as forças de Kiev retomaram os ataques armados ao Donbass. O Chefe do Estado-Maior, Khomchak, que Stuart Perch elogiou em nome da NATO pelo seu "empenho na procura de uma solução pacífica para o conflito", disse que o exército de Kiev "está a preparar-se para a ofensiva na Ucrânia Oriental" e que nessa operação "está planeada a participação de aliados da NATO".

Não surpreende que o conflito no Donbass se tenha reacendido quando, sob a administração Biden, Antony Blinken assumiu o cargo de Secretário de Estado. De ascendência ucraniana, foi o principal orientador do Putch da Praça Maidan, na qualidade de Vice-Conselheiro da Segurança Nacional na Administração Obama-Biden. Como Subsecretária de Estado, Biden nomeou Victoria Nuland, em 2014, directora assistente da operação americana, com um custo superior a 5 biliões de dólares, para estabelecer na Ucrânia, a "boa governação" (como ela própria declarou [1]). Não está excluído que nesta altura tenham um plano: promover uma ofensiva das forças de Kiev no Donbass, apoiadas de facto, pela NATO. Isto colocaria Moscovo perante uma escolha que, de qualquer modo, seria vantajosa para Washington: deixar que as populações russas do Donbass fossem massacradas, ou intervir militarmente em seu apoio. Brinca-se com o fogo, não em sentido figurado, acendendo a mecha de uma bomba no coração da Europa.

Tradução Maria Luísa de Vasconcellos   -  Fonte: Il Manifesto (Itália)

[1] “Remarks by Victoria Nuland at the U.S.-Ukraine Foundation Conference”, by Victoria Nuland, Voltaire Network, 13 December 2013.