O Fundamentalismo do “novo normal”
As liberdades individuais estão sendo atropeladas pelos mentores das
ideologias extremistas e globalistas.
Porque se trata de uma questão transversal a toda a sociedade, merece
alguns reparos, num debate sério e independente. Desde já, peço aos meus
leitores que me desculpem qualquer incómodo ou azedume que o assunto possa
causar, mas não posso abandonar as crianças ao livre-arbítrio dos arquitectos
de um sistema de ensino indigno para o desenvolvimento das capacidades da
pessoa humana, redutor para as iniciativas da criatividade dos jovens e
inadequado ao futuro produtivo dos cidadãos.
Artigo 13.º - (Princípio da igualdade) - Constituição da
República Portuguesa
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e
são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado,
prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão
de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções
políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou
orientação sexual.
Opiniões:
1 - Porque é que “todes” não é todos, nem todas?
Há um pequeno problema com isto tudo, com esta nova
terminologia, com a selva de classificações e as respectivas gavetas em que
cada um é metido e a obsessão pelas identidades – é que não é nem inclusiva,
nem democrática.
9 de Julho de 2022
A polémica sobre aquilo que é entendido como linguagem
“inclusiva” já dura há vários anos. Toda uma série de neologismos está a
crescer a cada dia, associada a uma suposta autoridade moral no seu uso. Não os
usar exclui, logo coloca quem não os usa do lado do mal. A ela se acrescenta
uma censura crescente de termos cuja utilização num texto ou numa notícia de
jornal, suscita de imediato uma fúria censória. É caso de palavras como
“preto”, “cigano”, “paneleiro”, “bicha”, “fufa”, por aí adiante. ...
2 - Teorias da conspiração e guerras
culturais
Parte das designações que utilizamos hoje — até a de
“luta de classes” — já têm pouca ligação com a realidade. Não é por acaso que
hoje tanto se fala de conflitualidades de linguagem.
24 de Julho de 2022
Na crista da onda. Hegemónicos. Radicalizados.
Infiltrados nas empresas, universidades ou partidos de quase todas as
tendências, adoptando o “marxismo cultural”, promovendo “guerras culturais” ou
a “ideologia de género” nos seus aspectos feministas, LGTBQIA+, multiculturais,
ateístas ou ambientalistas, colaborando na desordem do mundo livre e
conseguindo inocular o vírus do “politicamente correcto” que corrompe a
sociedade. Em suma, esta tem sido a teoria da conspiração promovida durante os
últimos tempos...
4 - A fraude intelectual do pensamento pós-moderno
O pensamento pós-moderno, e o activismo que dele
decorre, nunca demonstrou qualquer utilidade para os oprimidos que afirma
defender. Pelo contrário, tem o dom de tornar pessoas razoáveis e tolerantes em
adversários, que se vêem catalogadas como racistas ou homofóbicas simplesmente
por não professarem o credo pós-moderno.
PÚBLICO - 25 de Julho de 2022
Tem sido publicada nestas páginas uma polémica que,
partindo de um texto de José
Pacheco Pereira, suscitou diversas reacções. Um dos lados
dessa polémica defende a ideia da “opressão pela linguagem”, procurando fazer
passar conceitos e formas de falar que têm a sua raiz no pensamento
pós-moderno, que, sendo uma obscura corrente académica, tem hoje importantes
implicações no activismo.
O pensamento pós-moderno opõe-se ao pensamento
moderno, a forma de pensar surgida com a Revolução Científica dos séculos XVI e
XVII, segundo a qual se podem estabelecer novos factos com base em provas, quer
dizer, é possível produzir conhecimento novo. Esta perspectiva foi aprofundada
com o Iluminismo, tendo-lhe sido adicionada uma dimensão humanista: devemos
usar a ciência e, de um modo mais geral, a razão para melhorar as condições de
vida de todos os seres humanos.
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Os resultados são impressionantes: existem hoje, em
número absoluto, menos pessoas no mundo que vivem em pobreza extrema do que no início do século XIX,
apesar de a população ser cerca de sete vezes maior do que nessa altura. Vivemos mais, temos em média mais rendimentos, homens e mulheres frequentam a escola durante mais anos e temos acesso a melhores cuidados
de saúde, que se traduzem, por exemplo, numa menor mortalidade
infantil e no controlo de várias doenças infecciosas através da vacinação. Não obstante existirem
inúmeras coisas a melhorar, o mundo está cada vez melhor.
O pensamento pós-moderno, que tem uma visão mais
cínica das coisas, assenta em dois princípios. O primeiro é o de que não é
possível obter conhecimento objectivo. Este princípio vai contra todos os
avanços da ciência. O segundo princípio assume que a sociedade é formada por
sistemas de poder e hierarquias que determinam o que pode ser conhecido e como.
Dito de uma maneira mais crua: a ciência e a racionalidade são invenções dos
homens ocidentais heterossexuais, com o objectivo de perpetuar o seu próprio
poder e marginalizar formas não científicas e não racionais de produção de
conhecimento. Deveria ser inútil rebater esta ideia, de tão absurda que ela é.
Apesar das suas falhas, a ciência e a racionalidade
produziram um entendimento do mundo que é verificável empiricamente e que tem
resultados óbvios: conseguimos prever a passagem de cometas, construir
telemóveis e fazer vacinas para a covid-19.
É à luz destes dois princípios que podemos entender
alegações como a de que não existem apenas dois sexos biológicos. Um dos temas
do pensamento pós-moderno é o esbatimento de fronteiras definidoras, recusando
à biologia qualquer papel na definição de conceitos como homem ou mulher,
categorias que, no quadro desse pensamento, são socialmente construídas.
Outro aspecto do pensamento pós-moderno é a ideia que
os grupos oprimidos (as mulheres, os negros, os homossexuais, as pessoas obesas
ou qualquer pessoa com uma combinação das anteriores) possuem um conhecimento
vivencial próprio, que se sobrepõe à ciência e à racionalidade. Esta ideia
pode-se traduzir em assumir a deficiência como uma identidade (recusando
tratamentos para a surdez, por exemplo) ou rejeitar a existência de problemas
de saúde decorrentes da obesidade (medicalizar a obesidade seria uma agressão à
identidade).
O sexismo, o racismo ou a homofobia são cada vez mais inaceitáveis nas
sociedades modernas. É este caminho que importa prosseguir, porque foi ele que
alcançou resultados inegáveis em muitos países
Mais: estas afiliações identitárias são usadas para
empoderar esses grupos, estabelecendo uma hierarquia baseada na opressão e no
privilégio… Há casos complicados, como comparar uma mulher negra heterossexual
com um homem negro homossexual – quem é o privilegiado aqui?
A questão é que essa hierarquia, assim como todos os
aspectos do pensamento pós-moderno, são apenas efabulações teóricas muito
desligadas da realidade. As crenças pós-modernas não são comprováveis, pois os
seus arautos não aceitam testes que se lhes possam fazer para verificar se elas
são verdadeiras ou falsas. Por exemplo, a afirmação de que todos os brancos são
racistas, mesmo que não o saibam, pois tem “ângulos mortos”, é uma afirmação não
comprovável: não há nenhuma observação ou experiência que se possa fazer que
tenha a capacidade de demonstrar que ela é falsa. Claro que a ciência e a
racionalidade são, para os teóricos pós-modernos, apenas formas de manter os
homens brancos no poder, eles são insensíveis a quaisquer argumentos
científicos ou sequer racionais.
Os grandes avanços nos direitos dos negros, das
mulheres e dos homossexuais são anteriores a este tipo de pensamento, tendo
raízes no Iluminismo e um forte impulso com os movimentos dos direitos civis
nos Estados Unidos. Estes avanços, em grande parte ocorridos nas décadas de
1960 a 1990, assentam na ideia de que todos somos iguais em direitos e
dignidade, independentemente de sexo, cor da pele (não há raças humanas) ou orientação
sexual. São abordagens universalistas e não sectárias. O sexismo, o racismo ou
a homofobia são cada vez mais inaceitáveis nas sociedades modernas. É este caminho
que importa prosseguir, porque foi ele que alcançou resultados inegáveis em
muitos países. São estes valores universalistas que estão plasmados no artigo 13.º da nossa Constituição.
5 - O transe e o cisma: aquém e além
de sanitas e urinóis
A política em torno da autodeterminação de género tem
revelado, em Portugal e noutros países, o estado de transe da esquerda
progressista e o cisma da direita
conservadora, num debate em que os factos vão sendo atropelados pelas
convicções.
Vasco M. Barreto
7 de Setembro de 2019
Ainda a propósito de casas de banho, lembrei-me que
uma das teses para divertir plateias do filósofo Slavoj Žižek é sobre o modo
como os diferentes povos contemplam as suas matérias fecais, mas como o
polémico despacho 7247/2019 que regula a transição social de crianças e jovens transgénero (trans)
nas escolas portuguesas não revelou nenhuma idiossincrasia lusitana, resolvi
alargar o espectro da discussão.
O sexismo, o racismo ou a homofobia são cada vez mais inaceitáveis nas
sociedades modernas. É este caminho que importa prosseguir, porque foi ele que
alcançou resultados inegáveis em muitos países, por uma sociedade equilibrada e
livre de açaimos ideológicos…
ooooooooooooXX0XXooooooooooo
A propósito do dia dos Avós
Todos os dias são dos Avós, Filhos, Netos, Irmãos, Sobrinhos e Amigos, deixo este sinal do "Dia comercial dos Avós", mas não pretendo receber prendas. Sejam Felizes e resistentes.
Manuel Inacio
Manuel
Joaquim
Coelho, pois dizes bem dia dos avós e,
felizmente, quem ainda tem uns netos que adoram os avós… mas, nos tempos que
correm, filhos, netos e avós, uma grande maioria, trocou os laços familiares
por um (telemóvel)… outros netos e filhos ainda lhes batem, ou até matam para
atingirem os seus fins egoístas. Mas este mundo já deixou de ser o que era… outros
tempos, mas para o descalabro.
Grande abraço.
Joaquim
Coelho
Manuel Inacio
Manuel pois é Amigo Inácio, a realidade é
triste... em grande parte, por culpa dos pais cobardes e acomodados, mas também
com a deformação do ensino nas escolas. Se não nos manifestarmos publicamente,
poderemos ser incluídos na cambada de irresponsáveis que aceitam todo o lixo
que pretendem incutir na cabeça das crianças. Pela minha parte, continuarei a
propagar os valores básicos da sociedade equilibrada: respeito pelas
diferenças, luta contra os arautos das modernices imorais e radicais, contra a
formatação de bonecos e escravos dos poderosos e extremistas da ideologia LGBT.
Antonio Artur
Campos Nunes
Manuel Inacio
Manuel DEVE-SE Á ABRILADA,,,
Severo
Calvinho
Joaquim Coelho Tem cuidado pois ainda te podem fazer uma
manifestação, à tua porta, contra o teu sentimento anti igualdade do género. Ou
lá o que isso quer dizer.
Severo
Calvinho
Antonio Artur
Campos Nunes Nos outros países não existiu
"abrilada", e passa-se o mesmo. Esse facto não pode ser desculpa para
todos os males.
Joaquim
Coelho
António Artur
Campos Nunes errado quanto à dimensão desta
ideologia extremista e sem fronteiras; porque esta cambada de imbecis e
parasitas, com mentes intoxicadas, são, apenas, meios de transmissão do
tenebroso mandamento do "novo normal". Trata-se de anormalidades
absurdas e irracionais propagadas pelos mentores da ideologia anarquista contra
os valores da sociedade equilibrada. Sempre existiram pessoas homossexuais e
outros comportamentos desviantes da normalidade, mas sem exibicionismos bacocos;
eram respeitados nas suas vidas particulares. Agora, o que vemos é a arrogância
e tentativa de imposição desses desvios como obrigatórios, através da
propaganda das manifestações do "orgulho LGBT", bem como inaceitáveis
programas escolares e difusão nas televisões, que mais não são do que
tentativas (programadas) para formatar os jovens para uma sociedade de frouxos
e improdutivos.

Assinalo este que é o Dia dos Avós
refletindo sobre o papel fundamental que têm no crescimento das nossas
crianças. Numa sociedade onde o tempo corre, são um apoio e um local de afeto
permanente que exigem uma boa gestão e um entendimento familiar saudável. Um
médico especialista pode ajudar.
Cairei na “tecla batida” se mencionar
que, nos tempos que correm, também correm as famílias atrás de rotinas que não
dão tréguas, de exigências de calendário, de dias que não chegam... e de um
relógio, rigoroso, que segue não misericordioso, como batuta do tempo. É nesta
azáfama do quotidiano que o tempo dos filhos colide com o tempo dos pais: os
primeiros com a serenidade de quem (ainda) não é escravo desta dimensão, com a
determinação de quem tem efetivamente tempo; os segundos, com a obsessão de
quem não o tem na medida suficiente para o sem número de tarefas que se
desafiaram a (aceitar) cumprir.
Começa esta confrontação com o erguer da
manhã – quando a torrada se prepara pacientemente à mesa do pequeno-almoço para
uns e se devia engolir no banco de trás de um automóvel a arrancar, para outros
– e vai-se prolongando e repetindo nos vários momentos em que estas perspetivas
divergentes de tempo (o tempo com tempo das crianças, o tempo sem tempo dos
pais) coexistem. As famílias adormecem nesta dissonância de impaciências: os
filhos clamam por um pouco mais de vida com os pais, os pais apressam-se a
aconchegar os filhos enfiados nos lençóis, com o peso de um dia a galope e a
urgência de se permitirem silêncio e sono.
Os avós de hoje são apaziguadores desta
evidente diferença. Harmonizam uma transição pela disponibilidade do que são. E
desta aparente caricatura do quotidiano de tantas das famílias atuais, parto
para a razão de ser deste artigo: a apologia do papel dos avós no crescimento
das nossas crianças.
Os avós de hoje são simultaneamente chão
de funções e de afeto. São quem alivia a rotina dos pais, permitem a ida à
atividade extracurricular, são colo de paciência, são a sabedoria serena de
quem já não vive a vida com pressa, são a personificação do tempo,
curiosamente, quando em teoria já menos o têm. Trazem as histórias suas,
testemunho de vivências particulares, introduzem outras dos pais, que tanta
curiosidade geram nos mais novos. Trazem segurança nos conselhos, generosidade
no olhar, são dádiva incomensurável.
Por vezes, pais e avós desentendem-se no
olear das rotinas. Os pais sentem-se postos em causa nos seus papéis parentais,
os avós sentem que assumiriam outra postura no lugar dos filhos. Acaba por ser
normal, afinal as gerações são diferentes. No entanto, a não desautorização é
essencial e a conciliação das direções a seguir deve ser a meta. Se a gestão e
o entendimento familiar não estiverem saudáveis, gerando uma perturbação no
funcionamento das crianças, pode procurar apoio junto de um pedopsiquiatra ou
de um psicólogo.
Ser avó/avô é ser mãe/pai duas vezes, há
quem diga. Também é ter a liberdade de usufruir sem o dever de ter às costas o
peso da dependência de um filho, deixam fazer aos netos o que eventualmente não
deixaram aos filhos, precisamente porque a responsabilidade é outra. Mostram as
estrelas, sem a preocupação de já passar da hora de deitar. Fritam batatas
vezes sem fim, só porque “o menino, coitadinho, gosta” – e vai alguém negar que
a comida dos avós é a melhor de todas?! Vão para baixo da mesa, fingindo ser
mil e uma personagens, quiçá com a mesma pressa para que a refeição termine e
se reinaugure a brincadeira! Pedem aos netos que arrumem os brinquedos, mas
depressa esquecem o facto de estes não o terem feito, porque arrumá-los é igual
a recordar momentos que passaram juntos.
Os avós de hoje só não são sinónimo de
tradicionalismo, do antigamente, como no poema “Cântico negro”, de José Régio,
em que o “sangue velho dos avós” se opõe à vontade indomável de uma geração de
aventura, de diferença, de novidade constante. E também já não têm as
“quinhentas palavras” da avó Josefa de José Saramago, mas comungam com ela a
mesma “tranquila serenidade” de achar que o mundo é bonito. Porque os netos dão
aos avós anos de vida.
Os avós são também lobos maus
(carregados de mansidão) nas mãos dos porquinhos, quando brincam no chão. E,
apesar da dificuldade em se levantarem, desafiam valentemente o corpo, e
lançam-se sem hesitação nem dor, ao ouvirem: “Vovó, agora corre atrás de nós”.
São companhia, ajudam a fazer memórias, a construir uma bagagem emocional que
perdurará.
A vida muda, como as circunstâncias dos
dias e as tendências da sociedade em que vivemos. Mas o amor entre avós e netos
é imutável. Que o Dia dos Avós seja celebrado em felicidade consciente e plena.
Coordenadora de Pedopsiquiatria nos
Hospitais CUF Descobertas e CUF Torres Vedras