Um senhor, com responsabilidades na decadência da Democracia, escreveu só para incendiar os ânimos:
Os novos cantores de protesto
Das boinas, dos cânticos e dos gritos de guerra
Tenho idade e experiência de vida para não ser
ingénuo. E também para reconhecer técnicas velhas de manipulação, mesmo
modernizadas.
A manifestação de grupos de antigos militares no dia
do Exército a propósito de cânticos, gritos e boinas é uma evidente ação
política de agitação, agitprop.
O canto coral em marcha de desfile é uma moda
recente nas forças armadas portuguesas. As tropas especiais nunca cantaram a
marchar nos desfiles dos dias solenes, nem antes nem depois do 25 de Abril de
1974, do 10 de Junho, 25 de Abril, dias das Forças Armadas, guardas de honra.
……………………….
Nesta assuada do dia 23 de Outubro os cidadãos em
geral assistiram, e os organizadores quiseram-nos cúmplices, de um grosseiro
aproveitamento de emoções, de desconhecimento do passado das instituições por
parte de demagogos e de políticos sem escrúpulos.
Esta assuada não teve por fundo o espirito de corpo,
nem a dignidade das forças militares. Foi a sua negação e pretendeu minar os
fundamentos do Estado e das suas grandes instituições. Estamos perante
sapadores do Estado de Direito e não de cantores de protesto.
…………………………………………
<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<
Protestos… aqui vai o meu PROTESTO
Tenho pena do senhor Carlos Matos Gomes, porque não
sabe do que fala ou, se não é ingénuo, é estrábico ou pitosga.
Tenha vergonha senhor pseudo-historiador da Pátria dos
frouxos. Por causa dos frouxos e acomodados como o senhor, é que a democracia
está em decadência… perto do suicídio.
Foi entre as matas e savanas africanas, nos confins
das terras desconhecidas, nos aquartelamentos plantados no cu de judas, esquecidos
das coisas primárias da civilização, que uma cepa de militares corajosos e
valentes, usando todas as formas de sobrevivência perante os bombardeamentos
inimigos, sob o fogo das emboscadas e perigo das minas nas picadas, que se
forjaram os homens de mentes abertas e sedentas de liberdade. A revolução não
se fez em Abril de 1974; começou muitos anos antes, através dos corajosos
militares que transmitiam novas ideias e avivavam a lucidez aos camaradas menos
informados; opositores à guerra com capacidade para afrontar o sistema; sim, se
não fossem aqueles que sofreram os isolamentos e as privações dentro dos
aquartelamentos, jamais os senhores abrilentos teriam ambiente propício para
suportar uma revolução.
Mas, o drama dos nossos Antigos Combatentes começou
com o alvorecer da liberdade! Os militares abrilentos, depois de sentados nos
lugares cimeiros do poder, rapidamente esqueceram os milhares de soldados
desterrados nas longínquas terras africanas. Esqueceram que as cadeias da
logística se desfizeram; esqueceram que a guerra não tinha acabado – os nossos
militares continuaram a morrer por uma Pátria que os abandonava lentamente.
Os dramas dos “apanhados pelo clima” multiplicavam-se
à medida que eram desmobilizados e mandados para as suas terras, sem qualquer apoio
social e na saúde.
Mas os senhores abrilentos, trataram dos seus
interesses egoístas, agarrando tudo que lhes garantisse um futuro principesco.
Assim planearam e assim conseguiram manietar os patriotas mais credíveis,
abrindo caminho ao regresso dos conhecidos carrascos dos trabalhadores e do
povo.
Afinal, os abrilentos, depois de colherem as benesses
e as promoções a saldo, acomodaram-se com o sistema sem moverem uma única
chaimite contra os abusos que se evidenciavam manipuladores da democracia nos
anos 80.
Bem, senhor pseudo-historiador, porque anda distraído
ou tenta manipular as mentes perdidas nos meandros das dificuldades da vida que
o senhor Matos Gomes desconhece – miséria encrustada numa sociedade que os seus
correligionários protegem, porque a ração de combate é abundante, embora imerecida.
Cerimónias solenes, desfiles e marchas com os
militares cantando os seus hinos e canções acontecem todos os anos. Mas, o
senhor coronel Carlos Matos Gomes deve andar lá pelas arábias e não vê nem sabe
do que fala.
As Forças Armadas Portuguesas merecem chefes com mais
sentido patriótico, que as dignifiquem, respeitadores das tradições, dos
símbolos que formam a mística das diversas especialidades que são, afinal, a
génese da formação específica para a eficácia e sucesso nas missões que lhes
são atribuídas. Tratem de melhorar as condições de vida dentro das Forças
Armadas, mais apetecível para a formação da juventude, porque somos uma Nação
milenar, com uma história recheada de grandes feitos e heróis, que não deve ser
ignorada, porque precisa da juventude com sentido patriótico, amor à terra dos seus antepassados.
Temas actuais – 26 de Outubro de 2021
Joaquim Coelho