Antecedentes às Invasões Francesas
No início do Século XIX os exércitos napoleónicos invadem a Europa. Dominados por novos sentimentos imperialistas, tinham como objectivo o domínio da grande potência opositora - a Inglaterra. Com a superioridade naval Britânica a desaconselhar o desembarque em Inglaterra, Napoleão opta por outras frentes de batalha e decreta, em Novembro de 1806, o Bloqueio Continental, impondo o encerramento dos portos europeus aos navios ingleses.
A França dominava toda a Europa continental, à excepção da Península Ibérica. Face ao conflito, Portugal procurava conseguir uma difícil situação de neutralidade. Com o objectivo de salvaguardar o Porto de Lisboa, que era uma excelente base de operações para a esquadra naval britânica, a Inglaterra ameaça Portugal com a usurpação das colónias.
Estabelecida a aliança francesa com Espanha, os exércitos napoleónicos invadem Portugal, único país que assume a aliança com a Inglaterra. É neste contexto que Portugal sofre as três invasões francesas.
A Primeira Invasão ocorre entre 1807 e 1808 e é executada numa acção conjunta de França e Espanha, tendo a comandar o general Junot. Junot promete vir libertar Portugal da tutela britânica e inicia a invasão ocupando Lisboa no dia 30 de Novembro e tomando a presidência do conselho do Governo. Um dia antes, D. João parte com a corte para o Brasil, deixando nomeado um conselho de regência e mandando afixar editais a aconselhar o povo a receber os franceses como amigos para evitar represálias.
A chegada de Junot à capital foi o desfecho de um longo processo iniciado alguns anos antes, quando Napoleão exigiu que Portugal fechasse os seus portos à Inglaterra. Durante algum tempo, o Príncipe Regente, futuro D. João VI tentou uma solução impossível, que era a de satisfazer Napoleão sem prejudicar os interesses portugueses, que estavam ligados à Inglaterra. Ao longo de 1807, essa posição ambígua e de jogo duplo tornou-se cada vez mais difícil de sustentar. Em Agosto de 1807, formou-se um exército franco-espanhol em Baiona, destinado a invadir Portugal, ao mesmo tempo que Napoleão emitia um ultimato final. Em meados de Novembro, esse exército atravessou a fronteira na região de Castelo Branco e marchou ao longo da linha do rio Tejo, de modo a chegar a Lisboa o mais depressa possível. O trajecto foi, no entanto, lento e penoso de percorrer, devido ao mau estado das estradas, ao terreno acidentado e difícil e à falta de abastecimentos. A decisão de evacuar a corte para o Brasil, que já tinha sido ponderada, teve então lugar, e quando Junot chegou à capital encontrou um vazio de poder.
Depois de se instalarem em Lisboa, as tropas invasoras ocuparam todo país durante os meses seguintes.
A resistência aos invasores surge na forma de forças de guerrilha. Algumas revoltas locais são, maioritariamente, esmagadas pelas tropas francesas.
A situação só muda em Agosto de 1808, quando uma esquadra britânica chega a Lavos (Figueira da Foz) e desembarca cerca de 16 mil homens, comandados pelo general Arthur Wellesley (futuro Duque de Wellington). Logo avançam para Lisboa pelo litoral, contando com o apoio dos navios; juntaram-se a estas forças cerca de duas mil tropas portuguesas.
O primeiro confronto acontece na Roliça (planície entre Óbidos e Bambarral), com cerca de quatro mil tropas francesas comandadas pelo general Delaborde, no dia 17 de Agosto, onde foram derrotadas. Perderam cerca de 600 homens, mas inligiram mais de 400 baixas entre as tropas luso-britânicas; destes, cerca de 70 foram mortos e os restantes feridos e desaparecidos.
A 21 de Agosto dá-se novo recontro na zona do Vimeiro (a sul de Maceira). à frente das tropas francesas está o comandante supremo em Portugal, general Junot. Apesar de um maior equilíbrio de forças – 14 mil franceses contra 18 mil luso-britânicos – a vitória volta a pertencer a Wellesley.
A rendição das forças francesas é efetivada na Convenção de Sintra.
Esta Convenção ficou muito aquém daquilo que deveria ser dado a Portugal. Vejamos: a rendição francesa foi feita a favor do exército inglês ao qual eram entregues os equipamentos militares ocupados - em troca a Inglaterra providenciava o transporte das tropas napoleónicas para fora de Portugal e apoiava logisticamente o envio dos despojos e bens para França – o que permitiu um autêntico saque generalizado sobre o património português.
Junot e as suas tropas retiraram-se de Lisboa a 15 de setembro desse ano, encerrando deste modo a Primeira Invasão Francesa.
A Independência do Brasil, acontecimento inesperado.
Com os desentendimentos entre os herdeiros da Coroa Portuguesa, criaram-se as condições para a Independência do Brasil.
O Brasil declara a sua independência de Portugal em 1822, subindo ao trono, como Imperador, D. Pedro, filho de D. João VI.
O Brasil declarou-se independente de Portugal em 7 de Setembro de 1822, mas o processo de intenções começou muito antes e ganhou um grande avanço com a presença da corte portuguesa naquele país entre 1807 e 1821, na sequência das invasões francesas.
Quando a corte voltou a Portugal D. Pedro ficou para trás. Ora, quando foi exigido o seu regresso este recusou fazê-lo, criando aquele que é conhecido no Brasil como o “Dia do Fico”, 9 de Janeiro de 1822.
O herdeiro da coroa tomou várias iniciativas que tornavam as instituições sociais, económicas e militares da colónia mais autónomas das decisões da coroa portuguesa.
Durante a viagem de estado a Minas Gerais e S. Paulo recebeu mais uma carta onde eram anuladas algumas das suas decisões e se voltava a exigir o seu regresso a Portugal.
A carta foi recebida junto ao riacho do Ipiranga e segundo se conta D. Pedro desembainhou a espada gritando “independência ou morte”. Tratou-se do momento que ficaria marcado como o “Grito do Ipiranga”.
A Independência do Brasil foi o processo histórico de separação entre o então Reino do Brasil e Portugal, que ocorreu no período de 1821 a 1825, colocando em violenta oposição as duas partes (pessoas a favor e contra). As Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa, instaladas em 1820, como consequência da Revolução Liberal do Porto, tomam decisões, a partir de 1821, que tinham como objetivo reduzir a autonomia adquirida pelo Brasil, o que na prática o faria retornar ao seu antigo estatuto colonial.