NOTA PRÉVIA: A Ucrânia e a sua população estão a sofrer a tragédia da guerra, por causa dos incendiários americanos que não param de espalhar o terror e a morte em todo mundo. Expandir o potencial bélico da NATO até às portas de Moscovo é um perigoso jogo a que Putin e os Russos não pretendem assistir.
Os interesses estratégicos USA ou pilhagem de matérias-primas (desde a América latina, países da África, médio oriente, Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria e antigos países de leste), servem para vender as armas e provocar a desgraça dos povos. O texto abaixo mostra os antecedentes.
Haja lucidez e vontade para acabar com as guerras e genocídios criminosos, proclamando a PAZ definitiva.
Ucrânia, a bomba USA na Europa
Manlio Dinucci
REDE VOLTAIRE | ROMA (ITÁLIA) | 16 DE ABRIL DE 2021
O
Presidente Joe Biden, o Secretário de Estado, Antony Blinken e a futura
Subsecretária de Estado, Victoria Nuland, estão a reacender a guerra que
desencadearam na Ucrânia em 2013-14. O quarto ladrão, Geoffrey R. Pyatt, é
actualmente, o Embaixador dos EUA na Grécia. Desta vez estão a enviar navios de
guerra para o Mar Negro e a preparar, de facto, aviões bombardeiros nucleares.
Os caças americanos F-16, enviados da base de Aviano, estão envolvidos em "operações aéreas complexas" na Grécia, onde ontem começou o exercício Iniochos 21. Pertencem ao 510º Esquadrão de Caças estacionado em Aviano, cuja atribuição está indicada no seu emblema: o símbolo do átomo, com três relâmpagos a atingir a terra, flanqueado pela águia imperial. São aviões de ataque nuclear e que pertencem à Força Aérea Americana na Grécia, que concedeu aos Estados Unidos, em 2020, a utilização de todas as suas bases militares. Também participam no Iniochos 21 os caças bombardeiros F-16 e F-15 de Israel e dos Emirados Árabes Unidos. O exercício ocorre no Mar Egeu, perto da área que compreende o Mar Negro e a Ucrânia, onde se concentra o mega exercício Defender-Europe 21, do exército dos EUA.
Estas
e outras manobras militares, que fazem da Europa um importante centro de
armamento, criam uma tensão crescente com a Rússia, centrada na Ucrânia. A
NATO, depois de ter desagregado a Federação Jugoslava, ao inserir a cunha da
guerra nas suas fracturas internas, surge agora como a paladina da integridade
territorial da Ucrânia. O Presidente da Comissão Militar da NATO, o Chefe da Força
Aérea Real Britânica, Stuart Perch, reunido em Kiev com o Presidente Zelensky e
o Chefe do Estado-Maior, Khomchak, declarou que "os aliados da NATO estão
unidos na condenação da anexação ilegal da Crimeia pela Rússia e das suas
acções agressivas na Ucrânia Oriental". Repetiu assim a versão de que foi
a Rússia que anexou à força a Crimeia, ignorando o facto de que foram os russos
da Crimeia que decidiram, num referendo, separar-se da Ucrânia e voltar a
juntar-se à Rússia para evitar serem atacados, como os russos no Donbass, por
batalhões neonazis de Kiev. Os mesmos utilizados em 2014 como força de ataque
no putsch da Praça Maidan, desencadeado por franco-atiradores georgianos que
dispararam sobre manifestantes e polícias, e em acções posteriores: aldeias
submetidas a ferro e fogo, activistas queimados vivos na Câmara do Trabalho de
Odessa, civis desarmados que foram massacrados em Mariupol, bombardeados com
fósforo branco em Donetsk e Lugansk. Um golpe de Estado sangrento sob comando
USA/NATO, com o objectivo estratégico de provocar uma nova guerra fria na
Europa para isolar a Rússia e reforçar, ao mesmo tempo, a influência e a
presença militar dos Estados Unidos na Europa.
O
conflito no Donbass, cujas populações se auto-organizaram nas Repúblicas de
Donetsk e Lugansk com a criação das suas próprias milícias populares, passou
por um período de relativo descanso com a abertura das conversações de Minsk
para uma solução pacífica. Agora, porém, o governo ucraniano retirou-se das
conversações, com o pretexto de que se recusa a ir a Minsk porque a
Bielorrússia não é um país democrático. Ao mesmo tempo, as forças de Kiev
retomaram os ataques armados ao Donbass. O Chefe do Estado-Maior, Khomchak, que
Stuart Perch elogiou em nome da NATO pelo seu "empenho na procura de uma
solução pacífica para o conflito", disse que o exército de Kiev "está
a preparar-se para a ofensiva na Ucrânia Oriental" e que nessa operação
"está planeada a participação de aliados da NATO".
Não surpreende que o conflito no
Donbass se tenha reacendido quando, sob a administração Biden, Antony Blinken
assumiu o cargo de Secretário de Estado. De ascendência ucraniana, foi o
principal orientador do Putch da Praça Maidan, na qualidade de Vice-Conselheiro
da Segurança Nacional na Administração Obama-Biden. Como Subsecretária de
Estado, Biden nomeou Victoria Nuland, em 2014, directora assistente da operação
americana, com um custo superior a 5 biliões de dólares, para estabelecer na
Ucrânia, a "boa governação" (como ela própria declarou [1]). Não está excluído que nesta altura tenham um
plano: promover uma ofensiva das forças de Kiev no Donbass, apoiadas de facto,
pela NATO. Isto colocaria Moscovo perante uma escolha que, de qualquer modo,
seria vantajosa para Washington: deixar que as populações russas do Donbass
fossem massacradas, ou intervir militarmente em seu apoio. Brinca-se com o
fogo, não em sentido figurado, acendendo a mecha de uma bomba no coração da
Europa.
Tradução Maria Luísa de Vasconcellos - Fonte: Il
Manifesto (Itália)
[1] “Remarks by Victoria Nuland at the U.S.-Ukraine
Foundation Conference”,
by Victoria Nuland, Voltaire Network, 13 December 2013.