FUGA À ESCRAVIDÃO
Ao longo do tempo tenho sido
incomodado com os ataques do “sistema da globalização” às liberdades
individuais e à liberdade castradora dos direitos do homem definidas para o
trabalho remunerado na justa valorização da produção; pois, o monstro da
globalização económica e financeira é a causa da rejeição do humanismo enquanto
conceito da valorização humana.
A veneração dos objectos que
confortam o ego é a causa de muitos malefícios cognitivos que sufocam a vontade
de fugir à frivolidade das coisas supérfluas e à vulgaridade dos princípios
éticos que caracterizam a actualidade.
Nada está predestinado na
nossa vida; as circunstâncias de cada momento devem ser aproveitadas para
consolidar os planos que nos hão-de levar ao cumprimento dos fins da nossa
existência no mundo, consolidando os objectivos da criação. Se aceitamos seguir
no caminho da vulgaridade das aparências que nos cercam, submetemo-nos às leis
do consumismo e seremos tragados pelos agiotas que nos sugam as últimas forças
de defesa e nos atiram para o meio dos jogadores da globalização; enfraquecidos
e deprimidos, os pensamentos serão asfixiados e a vontade torturada até
definharmos perante as adversidades que oprimem e matam.
Perante a degradação dos
valores humanos, o sofisma dos idealismos não terá mais sentido; recusar a
resignação é lutar contra o aniquilamento das vontades individuais que dão
consistência ao colectivismo como forma de seguirmos em frente; assim, cada um ocupará
o lugar que lhe pertence por direito no conceito da sociedade civilizada.
Se soubermos viver em
parceria, sem as demais idolatrias que só prejudicam os ideais do humanismo,
poderemos aproveitar os conhecimentos e experiências adquiridas para relançar
as bases da sociedade solidária que nos falta e seguir o caminho da imunização
contra as formas de escravatura a que as instituições fantasma nos querem
submeter.
Os tempos deverão ser de empatia e
solidariedade, porque só a união de esforços e de vontades poderá minorar os
efeitos da invasão da nossa privacidade e limitação dos nossos legítimos
direitos, com vista à plena satisfação dos nossos anseios de vida partilhada
com respeito e dignidade. Se seguirmos o caminho do “salve-se quem puder”,
dentro de pouco tempo não restará nada que nos possa fazer viver a vida humanamente
feliz, porque a esperança definhará e o futuro de paz estará mais longínquo.
Vila Nova de Gaia, 2 de
Janeiro de 2014
Joaquim Coelho