domingo, 13 de novembro de 2022

Dia do Armistício da I Guerra Mundial

 Primeira Guerra Mundial

28 de julho de 1914 – 11 de novembro de 1918


A Primeira Guerra Mundial foi um conflito bélico global centrado na Europa. A guerra envolveu as grandes potências de todo o mundo, que se organizaram em duas alianças opostas: os Aliados (Reino Unido, França e Rússia) e os Impérios Centrais (Alemanha e a Áustria-Hungria). Estas alianças reorganizaram-se (a Itália lutou pelos Aliados) e expandiram-se com mais nações que entraram na guerra. Em última análise, mais de setenta milhões de militares, incluindo sessenta milhões de europeus, foram mobilizados para uma das maiores guerras da história. Mais de nove milhões de combatentes foram mortos. Foi o sexto conflito mais mortal na história da humanidade e que posteriormente abriu caminho para várias mudanças políticas, como revoluções em muitas das nações envolvidas.

Atingiu quase todo o mundo: Oceano Pacífico, Oceano Atlântico, Oceano Índico, Europa, Ásia, África, Médio Oriente e costas das América do Norte e do Sul.

Entre as causas da guerra incluem-se as políticas imperialistas estrangeiras das grandes potências da Europa, como o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro, o Império Otomano, o Império Russo, o Império Britânico, a Terceira República Francesa e a Itália. Em 28 de junho de 1914, o assassinato do arquiduque Francisco Fernando da Áustria, o herdeiro do trono da Áustria-Hungria, pelo nacionalista iugoslavo Gavrilo Princip, em Sarajevo, na Bósnia, foi o gatilho imediato da guerra, o que resultou num ultimato da Áustria-Hungria contra o Reino da Sérvia. Diversas alianças formadas ao longo das décadas anteriores foram invocadas, com o que, dentro de algumas semanas, as grandes potências estavam em guerra; através das suas colónias, o conflito logo se espalhou ao redor do planeta.

Em 28 de julho, o conflito iniciou-se com a invasão austro-húngara da Sérvia, seguida pela invasão alemã da Bélgica, Luxemburgo e França, e um ataque russo contra a Alemanha. Depois da marcha alemã até Paris ter levado a um impasse, a Frente Ocidental transformou-se numa batalha de atrito estático com uma linha de trincheiras que pouco mudou até 1917. Na Frente Oriental, o exército russo lutou com sucesso contra as forças austro-húngaras, mas foi forçado a recuar da Prússia Oriental e da Polónia pelo exército alemão. Frentes de batalha adicionais abriram-se depois que o Império Otomano entrou na guerra em 1914, Itália e Bulgária em 1915 e a Roménia em 1916. Depois de uma ofensiva alemã em 1918 ao longo da Frente Ocidental, os Aliados forçaram o recuo dos exércitos alemães com uma série de ofensivas de sucesso e as forças dos Estados Unidos começaram a entrar nas trincheiras. A Alemanha, que teve problemas com os seusrevolucionários, neste ponto, concordou com um cessar-fogo em 11 de novembro de 1918, episódio mais tarde conhecido como Dia do Armistício. A guerra terminou com a vitória dos Aliados, mas os conflitos regionais continuaram na África, na Ásia e na América latina.

Os eventos nos conflitos locais eram tão tumultuosos quanto nas grandes frentes de batalha, tentando os participantes mobilizar a sua mão de obra e recursos económicos. Até ao final da guerra, quatro grandes potências imperiais, os impérios Alemão, Russo, Austro-Húngaro e Otomano deixaram de existir. Os Estados sucessores dos dois primeiros perderam uma grande quantidade do seu território, enquanto os dois últimos foram completamente desmontados. O mapa da Europa central foi redesenhado em vários novos países menores.Áustria-Hungria foi dividida em vários Estados (como a Áustria, a Hungria, a Tchecoslováquia e a Iugoslávia), que foram em grande parte, mas não totalmente, definidos por grupos étnicos. A Transilvânia foi transferida da Hungria para a Roménia Maior. Os detalhes foram contidos no Tratado de Saint-Germain-en-Laye e no Tratado de Trianon. Como resultado do tratado, 3,3 milhões de húngaros ficaram sob domínio estrangeiro. Apesar de 54% da população do Reino da Hungria ter sido composta por húngaros no período pré-guerra, apenas 32% do seu território foi deixado para a Hungria. Entre 1920 e 1924, 354 mil húngaros fugiram de antigos territórios húngaros ligados à Roménia, Tchecoslováquia e Iugoslávia.

Império Russo, que se havia retirado da guerra em 1917, após a Revolução de Outubro, perdeu grande parte da sua fronteira ocidental e as nações recém-independentes, Estónia, FinlândiaLetóniaLituánia e Polónia foram criados a partir dela. A Bessarábia foi re-anexada à Roménia Maior, uma vez que tinha sido um território romeno por mais de mil anos.

Império Otomano desintegrou-se e muito do seu território que fora da Anatólia foi tomado por várias potências aliadas como protetorados. O núcleo turco foi reorganizado como a República da Turquia. O Império Otomano deveria ter sido dividido pelo Tratado de Sèvres, em 1920, mas este tratado nunca foi ratificado pelo sultão e foi rejeitado pelo Movimento Nacional Turco, levando à guerra de independência turca e, finalmente, ao Tratado de Lausanne, em 1923.

  A Liga das Nações, organização precursora das Nações Unidas (ONU), foi formada na esperança de evitar outro conflito dessa magnitude. Esses esforços falharam, exacerbando o nacionalismo em vários países, a depressão económica, as repercussões da derrota da Alemanha e os problemas com o Tratado de Versalhes, foram fatores que contribuíram para o início da Segunda Guerra Mundial.

NOTA: Devido aos acordos firmados sem respeitar os interesses das populações e divisões geográficas ancestrais, os conflitos na Europa e no mundo nunca acabarão. 


 Forças em confronto:

Aliados:  42 959 850 soldados; 

Impérios Centrais:  25 248 321 soldados.

Mortos na Primeira Guerra Mundial

Aliados: 

- 5 525 000 de soldados mortos

- 12 831 500 soldados feridos

- 4 070 000 civis mortos ou desaparecidos.

Impérios Centrais:

- 4.386.000 soldados mortos

- 8.288.000 soldados feridos

- 3.700.000 civil mortos ou desparecidos.

 

Portugal teve alguns heróis destacados, tais como:

Francisco José Dentinho era filho de José António Dentinho e Maria do Carmo. Nasceu em Olhão a 28 de Fevereiro de 1895.
Foi promovido a alferes em 23 de julho do mesmo ano. Esteve integrado na Unidade Territorial de Infantaria 32, com a mesma patente.

Baixou ao hospital em 7 de setembro por desastre ocorrido no mesmo dia. Teve alta em 15 do mesmo mês.

Nas condecorações e louvores do citado Boletim lê-se Louvado porque nos combates de 9 e 11 de Abril de 1918 manifestou muita dedicação e sangue frio e tendo recebido ordem para efectuar a retirada com a sua companhia da linha de fogo, depois desta ter desfilado, de novo voltou àquela linha, da qual já estava afastado cerca de 400 metros, armado duma espingarda e acompanhado de um praça, quando os ingleses anunciavam que o inimigo avançava, revelando uma coragem e valor excepcionais (O. Do CGC do CCE, n.º 144 de 29 de Maio de 1918).

 

 

11 de novembro de 1918 – qual guerra, qual fim?

O 11 de novembro de 1918 marca o fim da guerra entre os países ocidentais, mas o Armistício não significou o fim da violência em tantos outros lugares – não no Leste, Centro-Leste e Sudeste da Europa, não nas zonas decadentes dos grandes impérios multiétnicos, como o czarista russo, a monarquia dos Habsburgo e o Império Otomano.

Aqui, a guerra entre nações levou ao colapso do Estado; lá, a guerra mundial transformou-se em guerras civis e conflitos étnicos, a frente virou um campo de violência onde qualquer um, soldado ou civil, podia ser inimigo.

Nenhuma nação, Estado ou império venceu a Primeira Guerra Mundial, e ela não resultou num mundo sem guerra. O seu verdadeiro vencedor foi a própria guerra, o princípio da guerra, da possibilidade da violência totalizável. Isso ganhou peso tanto maior com o passar do tempo, por estar fundamentalmente em oposição àquele motivo condutor desenvolvido durante o grande conflito e que, para muitos, foi a razão decisiva para continuá-la, com todos os meios, até a conclusão: a esperança de que, no fim, seria necessário travar uma guerra última, cruel, contra o próprio princípio da guerra.

No entanto, a crença de que uma guerra mundial seria uma guerra para acabar com a guerra, "a war that will end war", seria amargamente frustrada.

Já a primeira fase após 11 de novembro de 1918 documentou como a violência bélica continuou sendo o instrumento de escolha. Como na Irlanda ou na Polónia, por exemplo, para estabelecer novos Estados nacionais ou completar o território; ou como na Rússia, com uma sangrenta guerra civil pela vitória de uma ideologia; ou ainda como na Turquia, para revisar violentamente os termos de um acordo de paz.

O que, em agosto de 1914, começou basicamente como uma guerra entre nações, a partir de 1917 desembocou num grande número de atrocidades inéditas, que ultrapassaram em muito o fim oficial da guerra no Ocidente. E para o Leste e Sudeste da Europa, o que proporcionou uma relativa unidade foi antes a fase entre a crise da anexação da Bósnia em 1908, a Guerra dos Bálcãs em 1912-13 e o Tratado de Paz de Lausanne em 1923.

À desenfreada história de violência da primeira metade do século 20, como uma fase de catástrofe e decadência, seguiu-se, após 1945, uma fase pacífica, pelo menos para a Europa, sob o signo da estável Guerra Fria e da imposição da sociedade democrática de massa – primeiro na Europa Ocidental, e, após 1989-91, também nas sociedades do Leste Europeu.

É como se tivesse sido necessária a segunda metade do século 20 para gradativamente curar as feridas provocadas desde agosto de 1914. Mas elas permanecem visíveis até hoje.

Quando, alguns anos atrás, morreram os últimos soldados sobreviventes da Primeira Guerra Mundial, quando se delineou a passagem das lembranças comunicadas para a memória cultural, uma camada de experiência mais profunda também se refletiu na grande atenção dada a essa peculiar efemerização.

Tem razões históricas o fato de esse processo ter sido acompanhado intensivamente no Reino Unido e na França, e mesmo na Austrália ou na Índia, porém muito menos na Alemanha. Isso indica como no país a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto se sobrepuseram à memória da Primeira Guerra.

No entanto, o conhecimento da essencialmente cruel e destrutiva história de violência, daquilo que os seres humanos foram capazes de fazer uns aos outros numa guerra moderna, não é uma história simplesmente descartada, e menos ainda um "pré-passado". Esse saber pertence, antes, à nossa consciência de como chegamos ao complicado presente.

Jörn Leonhard - 10/11/2018 


 

 


RTP - Ensina

II Guerra Mundial

A 7 de maio de 1945, em Berlim, o que restava do exército alemão rendeu-se às tropas russas. Nesse dia assinava-se um primeiro documento de rendição. A 8 os responsáveis nazis assinavam o armistício com os aliados ocidentais e no dia seguinte com os Russos. A guerra na Europa estava terminada, mas para trás ficavam mais de 60 milhões de mortos, no conflito mais sangrento e traumático da História da humanidade.

O final da guerra ter-se-á precipitado quando Adolf Hitler deslocou uma grande parte das suas tropas para o Cáucaso, fonte de petróleo da União Soviética. Na célebre batalha de Stalingrado (de setembro de 1942 a fevereiro de 1943), mais de um milhão de soldados alemães morreram e os nazis sofreram um revés de que nunca recuperaram. No entanto, só em fevereiro de 1945 as forças da URSS invadiram a Silésia e a Pomeránia, ao mesmo tempo que as forças Aliadas ocidentais entravam na Alemanha e se aproximavam do rio Reno.

Os três grandes líderes Franklin D. Roosevelt, Josef Stalin e Winston Churchill, dos Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido, reuniram-se de 4 a 11 de fevereiro de 1945 em Ialta, na Crimeia, após mais de cinco anos de guerra e milhões de mortos. Praticamente já ocupada, a Alemanha não estava mais em condições de resistir por muitas semanas. A Itália estava rendida, mas o Japão ainda resistia.

A Conferência de Ialta foi uma das três grandes conferências que determinaram o futuro da Europa e do mundo no pós-Guerra (além da de Teerã, em 1943, e a de Potsdam, em meados de 1945). Mesmo que a divisão do mundo não estivesse nos planos das lideranças aliadas neste momento, a Guerra Fria acabou sendo uma das consequências do encontro.

 


Os custos de uma guerra

 Em março de 1945, os aliados americanos, ingleses, canadianos e franceses atravessaram o norte do Reno e o sul do Ruhr, cercando as forças nazis, enquanto os soviéticos avançaram para Viena. No início de abril, as forças de aliados ocidentais finalmente ganhavam terreno em Itália e atravessavam a Alemanha Ocidental, enquanto as forças soviéticas invadiam Berlim; as duas forças encontraram-se nas margens do Elba, a 25 de abril. No dia 30, o Reichstag foi capturado e, no dia 7 de Maio, as tropas soviéticas entraram nos bunkers do comando alemão, capturando os alemães e dominando a capital, simbolizando a derrota militar do Terceiro Reich e de Hitler, que se tinha suicidado no seu bunker, uns dias antes.

As tropas alemãs na Itália, na Holanda, na Dinamarca e no noroeste da Alemanha rendem-se a 7 de maio e a Alemanha assina a rendição primeiro perante os aliados do bloco ocidental – que adotam a data de 8 como o final da guerra – e depois como a União Soviética, para quem o dia 9 marca o fim do conflito.

A Segunda Guerra Mundial foi o conflito mais mortífero da história da Humanidade. As populações civis foram as principais vítimas das atrocidades cometidas pelos beligerantes. Os bombardeamentos das cidades, incluindo duas bombas atómicas lançadas sobre o Japão, causaram milhões de mortos. Para além das vítimas do conflito militar em si, o racismo nacional-socialista foi responsável pelo genocídio de 6 milhões de judeus europeus.

O custos humanos do conflito

Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, em 1945, o balanço era devastador. Perderam a vida cerca de 60 milhões de pessoas, a maioria civis. O conflito terminou na Europa a 8 de maio, com a rendição incondicional da Alemanha, mas continuou no Extremo Oriente até Agosto, altura em que o Japão se rendeu, depois de duas bombas atómicas terem sido lançadas sobre Hiroxima e Nagasaki. Calcula-se que tenham morrido cerca de 90,000 pessoas em Hiroshima e 40,000 em Nagasaki. Na verdade, o número exato de mortes causadas pelas bombas e pelos efeitos das radiações nunca será conhecido.

O uso de bombas convencionais e atómicas por parte dos Aliados foi um dos aspetos controversos do conflito. O bombardeamento de cidades alemãs e japonesas visaram alvos industriais e militares, mas procuraram também minar a moral dos civis nesses países. Só na cidade alemã de Dresden morreram cerca de 50 000 pessoas durante um raid noturno. O moderno armamento utilizado transformou a morte em algo impessoal.



 

 

domingo, 6 de novembro de 2022

Inteligências: Humana ou Artificial

 

Falta de contacto humano é o problema da inteligência artificial, diz Noam Chomsky

Noam Chomsky e Gay Marcus foram dos últimos oradores do palco principal da Web Summit, a decorrer em Lisboa, com uma conversa sobre o futuro da inteligência artificial. Ambos creem que o elemento humano está em falta.

 Mariana Ferreira Azevedo 04 de Novembro de 2022

 Uma coisa é certa tanto para o linguista Noam Chomsky como para o cientista Gary Marcus: a inteligência artificial (IA) ainda não é capaz de entender a linguagem do ser humano. Tanto o linguista como o cientista pensam que esta não está a contribuir para o desenvolvimento da sociedade. 

Noam Chomsky até deu o benefício da dúvida e disse que nem tudo era mau. "O facto de eu poder estar aqui hoje é algo que eu considero positivo" disse o linguista, que se juntou ao palco principal da Web Summit, no último dia do evento, por videoconferência. "Mas não devia enganar as pessoas já que a IA não é capaz de entender a linguagem humana". 

 O linguista explica que o objetivo principal, inicialmente, era usar a capacidade do IA para aprendermos algo de cognição, ou seja, como o cérebro humano pensa, mas esse objetivo foi substituído ao longo dos anos. Noam Chomsky criticou a inteligência artificial por recorrer muito a técnicas de estatística que fazem com que as características escolhidas sejam as mais frequentes, o que faz com que nem toda a gente esteja representada.

Gary Marcus vai mais longe e diz que a IA seguiu um mau caminho ao se afastar da linguagem do ser humano. Segue uma base de dados que é até demasiado antiquada por se basear em comportamentos do ser humano até hoje. "Isto poderia perpetuar preconceitos como o racismo e machismo" acrescentou o cientista. 
A inteligência artificial pode ainda espoletar outros males menores, como fazer que as pessoas gastem muito dinheiro "com coisas desnecessárias ou que não funcionam", disse, ao dar o exemplo dos carros com autonomia da Tesla. "Estes não funcionam, estão a tentar desenvolvê-los há tanto tempo e ainda podem falhar", explicou Gary Marcus. 
Quando questionado sobre qual seria a melhor maneira de prosseguir e pôr a IA a trabalhar para as pessoas o cientista referiu que se devia envolver a inteligência artificial simbólica, uma abordagem que treina inteligência artificial da mesma forma que o cérebro humano aprende.

 

Noam Chomsky concordou, mas acrescentou que também se tem que ter em conta os progressos já conquistados na área tecnológica e melhorar o nosso entendimento das nossas capacidades cognitivas. 

OPINIÃO:

Muito se tem especulado sobre uma possível intervenção da China para mediar o conflito, mas Noam Chomsky não vê interesse de Pequim em envolver-se na questão. "Eles percebem tão bem como nós que houve sempre um caminho para evitar a catástrofe" e que "ainda é possível satisfazer o principal objetivo de Putin de forma a beneficiar toda a gente e sem violar direitos fundamentais. Mas também veem que o governo dos EUA não está interessado nisso", contrapõe. Por outro lado, o caminho da China passa por integrar o resto do mundo no seu sistema de investimento e desenvolvimento e em particular no Sul Global, "alvos tradicionais da brutalidade europeia e norte-americana", onde a perceção da tragédia na Ucrânia não é a mesma do que na Europa ou EUA, aponta Chomsky.

 

 

 Avram Noam Chomsky: é um linguista, sociólogo, cientista cognitivo, filósofo analítico e ativista político norte-americano, reverenciado em âmbito académico como "o pai da linguística moderna”.

 Chomsky e as 10 Estratégias 

de Manipulação Midiática

O linguista e jornalista americano Noam Chomsky elaborou a lista das "10 estratégias de manipulação" através da comunicação social do sistema:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')".

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.

Este método também é chamado "problema-reação-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

 5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? "Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver "Armas silenciosas para guerras tranqüilas")".

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL 

MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e pôr fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos.

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')".

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

Os programas educacionais criados sob directrizes da nova ordem, tendem a desvalorizar as capacidades criativas e a inteligência de modo a promover ao público os conhecimentos básicos e fazer acreditar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS 

DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.

Nos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos. Assim, o controlo das populações fica muito mais facilitado.

Los Angeles, Outubro de 2008