DEIXEM
QUE A HISTÓRIA FAÇA O SEU PERCURSO NATURALMENTE, SEM SOFISMAS
A
história sem Sofismas: a propósito dos mexericos sobre pretensos massacres
desencadeados pelas tropas portuguesas nas guerras ultramarinas, recentemente
publicados em dois jornais cá do burgo.
Não
podemos ficar indiferentes e quedos, mas temos de repor a verdade e limpar o
lixo que existe na cabeça dos mais renitentes no olhar vesgo e desfocado da
história. Quando mais de um milhão de homens foram atirados para as guerras coloniais,
ninguém se preocupou em saber da sua preparação militar nem das carências das
famílias que se viram privadas dos proventos que as sustentavam. Também, depois
do regresso, não houve o cuidado de dar o devido e necessário apoio e
acompanhamento médico e social aos mais vulneráveis e com visíveis sequelas na
sua saúde.
Ora,
nos 14 anos de guerra, esses mancebos tiveram exemplares comportamentos em
todos os locais onde permaneceram, nas tarefas que lhes foram atribuídas e no
relacionamento com as populações autóctones. Tudo o resto que se queira apontar
de negativo não passa de tentativa para ofuscar a generosidade e a
grandiosidade das nossas contribuições para o desenvolvimento geral daquelas
terras e de melhoria da vida das populações.
O
colossal desenvolvimento dos territórios, com infraestruturas, colonatos
agro-pecuários e agrícolas, as estradas, as pontes, os portos marítimos, as
linhas de caminho de ferro, as fábricas, as escolas, os hospitais marcam um
tempo de esperança num futuro de indesmentível progresso para todas as
populações, independente da cor ou da raça.
As
grandes obras construídas pelos portugueses, tais como barragens e pontes, em
especial a barragem de Cabora Bassa, são um valioso espólio que jamais será
esquecido. Este colosso de engenharia implantado no coração de África, com
cinco turbinas (produção de 415MW cada), produz energia equivalente às sete maiores barragens
existentes em Portugal (13 vezes a Barragem do Castelo de Bode) e pode fornecer energia eléctrica a um quarto da
população do continente africano. E ninguém fala dessa grandiosa façanha dos
portugueses em África, onde ainda trabalham técnicos portugueses para manter em
funcionamento tal colosso.
Essa cambada de parasitas, armados em investigadores das lixeiras que o curso da história foi deixando nas sargetas, tal como os escaravelhos, não são recicláveis. Mas, se alguns abusos aconteceram entre as tropas, foram casos pontuais, residuais e marginais perante o importante desenvolvimento da sociedade e extraordinários avanços na coesão social e cívica.
Por
mais que tentem denegrir a imagem e desvalorizar os feitos e a generosidade de
uma geração de mancebos portugueses, reconhecidos e referenciados por
jornalistas de renome internacional e por estadistas sérios e livres, jamais
conseguirão apagar as memórias e as qualidades humanas dos combatentes
portugueses e de quem com eles conviveu e partilhou parte da vida. Além do
mais, respeitem os milhares de mortos e os estropiados causados pelas guerras
ultramarinas; sem esquecer os que “ficaram para trás”, abandonados, por lhes negarem
o repatriamento com a dignidade que merecem.
20
de Agosto de 2021
Temas
actuais – Joaquim Coelho